A nossa Amazônia!

A nossa Amazônia!
Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

JORNALISMO INVESTIGATIVO OU JORNALISMO DE PESQUISA? OU JORNALISMO DE NADA MESMO?

Imagem  inserida pelo simples fato de que o texto fica mais chamativo quanto tem uma "fotinha". Resultado de uma pesquisa rápida no google.

Meu dileto companheiro Eduardo Gomes, jornalista experiente e um dos caras que eu admiro desde os tempos em que nos encontrávamos pelos quatro cantos da Amazônia como colegas repórteres, vem me indagar sobre o que está sendo ensinado nas salas de aula dos cursos de jornalismo. A conversa começou quando eu fui falar dos meus alunos das faculdades Boas Novas e Martha Falcão (Manaus), onde estou dando aulas de disciplinas de telejornalismo e rádio. Dudu fala de alguns professores que vão pra sala de aula ministrar disciplinas das quais não têm nenhuma, ou quase nenhuma, experiência. "Dia desses eu vi uma colega dando aula de jornalismo investigativo e a pessoa não tem experiência disso...", comentou o companheiro de maneira bem procedente. "Um dia desses, chegaram a me dizer numa redação que jornalista não investiga. Quem faz isso é polícia...", disse Dudu Gomes. 
Uma constatação que leva à preocupação considerando que cada vez mais o jornalismo investigativo está desaparecendo das redações nortistas. Já com o sentimento de descrença, retruquei. Então, vamos chamar de jornalismo de pesquisa. Já que comunicação social é uma ciência humana, pois tem objeto de estudo e técnicas exclusivas, fazer pesquisa está dentro de sua própria essência. Então basta uma pesquisa bem feita pra surtir boas matérias, em se falando de conteúdo. Vamos ver o exemplo do censo. Hoje em dia, é raro um repórter pegar um relatório completo do IBGE e garimpar detalhes que os releases não mostraram.
Bem...fica aqui a provocação (citando até meu amigo Carlos Branco, outro profissional de referência jornalística pra mim) sobre o que estamos produzindo nas redações.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MANAUS E OS NOVOS NÚMEROS DO CENSO: 7º LUGAR

Os números impressionam, mesmo que possam até ser contestados. Mas Manaus ter atingido o sétimo lugar no ranking das capitais brasileiras é algo que nos faz parar pra pensar. Imagine uma bomba relógio colocada no meio da estrutura principal de um prédio. Se ela explodir (e quando...), o estrago vai ser considerável. E pelo navegar do batelão (jargão regionalizado que substitui o andar da carruagem), Manaus corre este risco. A população que vive na capital amazonense não atenta para a quantidade de resíduos que ela mesma produz. Produz e não trata. Não recicla. Não destina a um local menos impactante, de controle permanente e sistematizado. Os cursos d'água estão sendo deteriorados. Os esgotos da área urbana estão entupidos com plástico, areia e vidro. É só ver o que acontece com algumas ruas do centro de Manaus durante uma chuva mais forte. Fica o alerta...pensar no futuro não é coisa de vidente, mas de investidor. Investir no meio ambiente mais limpo é coisa de gente inteligente.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A RECONQUISTA DO ALEMÃO É DAS CRIANÇAS


A foto* é do fotógrafo Reinaldo Marques, do Portal Terra, e mostra o símbolo surreal do poder que os traficantes ostentavam. No meio da pobreza, uma suntuosa construção com piscina, churrasqueira, banheira de hidromassagem e dependências as quais nenhum morador do complexo do Alemão tem acesso. Dias depois da ocupação da área, foi a vez das crianças terem o gostinho do que é uma diversão diferente. Aproveitaram pra tomar banho na piscina da casa que era do trafifcante Barrão, um dos canalhas comandantes do crime.
Sem ufanismos ou inocências, a cena fotografada por Marques até que suscita esperança e regozijo. Uma torcida distante para que essas crianças tenham a oportunidade de terem toda essa estrutura de moradia, com piscina e tudo, mas conquistada de maneira honesta. E que o morro vire um condomínio de casas dignas. De moradias de cidadania!
(*http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4820690-EI17320,00-Complexo+do+Alemao+tem+primeiro+tiroteio+apos+ocupacao.html#tphotos)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O VELHO "NEGRO" VOLTA A SUBIR...SERÁ O REPIQUETE?


Esta matéria saiu no Portal Terra na manhã desta terça-feira, 26. Lembrou meu Pai, que sempre me falou do tal do repiquete. Desde criança, essa palavra me chama a atenção. Natureza é sábia mesmo! Alguma coisa, ela quer nos dizer, não?
Então...
O nível da água do rio Negro, que atingiu no último domingo a menor cota já registrada, voltou a subir nas últimas 24 horas. Na manhã desta terça-feira, a cota do rio medida pelo Porto de Manaus (AM) mediu 13,68 m, o que significa uma elevação de 5 cm em relação a domingo.
Apesar da subida da água, os responsáveis pelo monitoramento das águas em todo o Estado do Amazonas não confirmam o retrocesso do processo de vazante. "Ainda não dá pra dizer que o rio Negro parou sua vazante. Isso porque em Tabatinga, na fronteira do Brasil com o Peru e Colômbia, o rio Solimões voltou a descer 9 cm", informou o chefe do setor de hidrologia do Serviço Geológico Brasileiro, Daniel Oliveira.
Os especialistas em ciclos hidrológicos afirmam que pode estar ocorrendo o fenômeno conhecido como "repiquete", que é uma subida repentina do nível do rio em pleno processo de descida.
A foto acima foi tirada na tarde do último sábado. O navio encalhado é de bandeira brasileira, particular e está no Porto do Bibi, logo abaixo do Porto Chibatão, onde houve um grande deslizamento de terra no último dia  17.
(foto: Arnoldo Santos)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DEPOIS DE BATER RECORDE HISTÓRICO, RIO NEGRO DEVE CONTINUAR BAIXANDO POR MAIS 15 DIAS


A vazante do rio Negro, que atingiu o menor nível de água desde 1902, quando o monitoramento começou a ser feito pelo Porto de Manaus, deve parar dentro de 15 a 20 dias. O prognóstico foi feito neste domingo à reportagem do Terra pelo engenheiro Daniel Oliveira, chefe do setor de hidrologia do Serviço Geológico Brasileiro. “A tendência é que essa descida vá diminuindo a média de centímetros por dia a tudo se normalize nos próximos dias”, confirmou Daniel. A expectativa pode ser confirmada também pelo início da descida das águas do rio Solimões, na região de fronteira, o que aconteceu no dia 12 de outubro. Mas antes da vazante deste ano terminar, o fenômeno já mudou paisagens, gerou prejuízos materiais e deixou pelo menos 62 mil famílias afetadas pela seca.

No interior do estado, 38 detectaram situação de emergência. A maioria deles, no rio Solimões. “Apesar de Tabatinga (alto rio Solimões) já estar com rio subindo, nós ainda vamos enfrentar aí pelos próximos 15 dias essa forte estiagem”, diz o secretário da Defesa Civil do Amazonas, Roberto Rocha. Por isso o Exército e o Governo do Amazonas anunciaram que começam, nesta segunda-feira, a transportar por helicópteros mantimentos de primeira necessidade, como produtos de higiene e água. O primeiro município a ser atendido é Tefé, localizado no rio Solimões, a 575 quilômetros de Manaus, onde serão visitadas as comunidades de Caiambé e Bacuri. Na sexta-feira passada, o Ministério da Integração Nacional autorizou o repasse de R$ 23 milhões para ações de socorro e assistência aos municípios atingidos pela seca. Os recursos serão empregados na aquisição de cestas básicas, filtros purificadores, motobomba, equipamentos para fornecimento de água potável e barracas, além da locação de carros-pipa e caminhões.

Em Manaus, a orla da cidade virou um cemitério de barcos encalhados, aparentemente abandonados pelos proprietários. Alguns viraram moradia para urubus, como no porto da Panair, o maior entreposto de pescado da capital, por onde chegam a passar 160 toneladas de peixe por mês. Na zona Sul de Manaus, onde fica a maioria das empresas de navegação e estaleiros, grandes balsas de metal e até um grande navio cargueiro jazem no meio da terra. “Eu nunca vi o rio tão baixo. Todo ano, a água desce, mas esta vez foi muito...”, diz o vigia de um dos estaleiros, Francisco Matos.

A navegação continua afetada e, a cada dia que passa, torna-se mais perigoso viajar pelos rios da região. “O comandante do barco vinha todo tempo preocupado com os navios que passavam muito perto uns dos outros. Na viagem, nós passamos por vários deles porque a maioria não está viajando à noite”, disse o empresário Paulo Araújo. Ele chegou a Manaus vindo de Parintins, no rio Amazonas, neste domingo. Viajou cerca de 20 horas subindo o rio em um barco de passageiros. Para diminuir o risco de acidentes, a Marinha do Brasil, por intermédio da Capitania dos Portos, já emitiu um alerta a todos os donos e comandantes de embarcações que evitassem as viagens noturnas, principalmente pelos rios mais afetadas pela seca.


Por enquanto, a situação dá apenas indícios que pode diminuir. A vazante do rio Negro chegou a manter uma média de 22 cm de descida, segundo dados do Serviço Geológico Brasileiro. Nas últimas duas semanas, baixou para 16 e, do sábado (23) para o domingo, baixou 13 cm. A cota da água do rio Negro, registrada na manhã deste domingo, foi de 13,63 metros, um centímetro a menos do que a menor conta já registrada nos últimos 108 anos. A medição do rio Negro é feita diariamente pelo setor de hidrologia do Porto de Manaus. Nela, os anos históricos de vazante e enchente ficam registrados. O rio está tão seco que não há lugar onde colocar a marca de 2010. (Texto e fotos: Arnoldo Santos)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

COMO É FAZER UM CENSO DEMOGRÁFICO NA AMAZÔNIA?



Em uma sala que não mede mais do que 12 metros quadrados, em uma casa de madeira, no município de Careiro da Várzea (20 Km de Manaus), agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)  avaliam o trabalho de coleta de dados iniciado no dia 1º de agosto.A primeira conclusão é de que 40% da meta já foram concluídos. Um índice comemorado como vitória diante das dificuldades que os recenseadores enfrentam no dia-a-dia deste Censo de 2010. Para cumprir a missão, os recenseadores têm de improvisar e usar do conhecimento do caboclo ribeirinho para chegar até os locais onde mora a população a ser recenseada. De canoa, indo a pé pela mata, usando pequenas lanchas, tudo vale para cobrir uma área equivalente e oito vezes o tamanho da região metropolitana de São Paulo.
Nos municípios de Manaquiri, Careiro da Várzea e Careiro Castanho, a área total soma mais de 13 mil Km² a serem cobertos pelos recenseadores do IBGE
Para cobrir todo o país o IBGE dividiu o território brasileiro em áreas censitárias. No amazonas, a coordenação de subárea responsável pelo Careiro da Várzea também cuida do Censo nos municípios de Manaquiri e Careiro Castanho. Juntos, os três somam mais de 13 mil km² de área. Missão para 68 recenseadores contratados. E nesta época do ano, a vazante dos rios está deixando o trabalho mais difícil. Se o rio está cheio, chega-se a qualquer canto facilmente, usando incontáveis atalhos por entre a floresta alagada. Mas a seca obriga os recenseadores a trocar os barcos maiores por pequenas embarcações das quais a canoa é o meio mais comum.
No Careiro, o trabalho da recenseadora Ketlenn Barbosa começa em um porto flutuante na beira do Paraná do Careiro, um afluente do rio Solimões que dá acesso ao interior do município. A embarcação é uma pequena lancha de alumínio, dotada de um motor de popa e guiada pelo agente censitário Naílson Fernandes, o responsável pelo trabalho do Censo no município. Eles partem na direção da zona rural. O Careiro da Várzea tem 95% de sua área compostos por terras alagáveis, motivo principal do nome do município. Com quinze minutos de viagem, a equipe chega à comunidade do Igapó Açu onde moram cerca de 30famílias. O único acesso às propriedades é um pequeno curso d’água (igarapé) que está com nível tão baixo que os moradores tiveram de fazer um mutirão de emergência para levantar uma barragem na foz do igarapé. “Se não fizermos isso, a água sai toda e os moradores não têm como levar a produção para fora”, explica Jacó Silva que além de morador é vereador municipal. 
A dupla do IBGE iniciando um dia de trabalho. Nos três municípios da região, 68 recenseadores estão realizando o Censo 2010
Deste ponto em diante, a lancha é substituída por uma canoa menor ainda, mas empurrada por um motor a hélice também, aqui chamado de rabeta. O leme é o remo e a experiência do agente censitário em viver na região é essencial. “Como a seleção para o censo é um concurso público, muitas vezes a gente recebe gente de fora, da cidade grande, que não tem prática de viver no interior e nem conhece a região. Essa é uma das dificuldades”, diz o coordenador desta subárea censitária, João Paulo Lopes. Mas neste caso, a dupla do IBGE conhece a região e não tem problemas em subir o igarapé, descer nas margens irregulares e chegar até as casas. O agricultor André Gomes Pereira, 39 anos, foi um dos entrevistados. Ele mora na comunidade do Igapó Açu desde que nasceu. Vive de plantar hortaliças, assim como a maioria dos moradores da área, e mora na pequena casa de madeira com a esposa e dois filhos. “O pessoal do IBGE já tinha passado outras vezes aqui em casa e eu sempre respondo as perguntas”, disse o agricultor confirmando uma informação passada pela coordenação da subárea. A recepção aos recenseadores é sempre positiva. Mas a falta de informações exatas complica a exatidão dos dados. “A maior dificuldade que a gente encontra nas entrevistas é que boa parte deles (entrevistados) não sabe o mês e o ano que nasceu”, diz a recenseadora Ketlenn. Isso faz com que os questionários sejam preenchidos apenas como idade presumida.
O agricultor André Gomes Pereira é entrevistado pela recenseadora do IBGE
Mas as dificuldades do Censo na região não se resumem à inexatidão dos dados pessoais dos entrevistados. “Já tivemos recenseador perdido porque o GPS dele deu problema. Outro que foi com equipamento e tudo pra dentro d’água fugindo de cachorros. Outro que teve a canoa alagada e uns até contraíram malária”, conta João Lopes.
Outro problema encontrado neste Censo é a grande quantidade de domicílios que não se encontram nos seus locais presumidos. “São aquelas casas flutuantes que são abandonadas ou simplesmente não são encontradas porque são levadas para outros locais quando o rio começa a baixar para que não fiquem encalhadas”, explica João. Para ajudar na cobertura das localidades mais distantes, o pessoal do IBGE buscou a ajuda dos agentes comunitários de saúde, gente que percorre durante o ano todo o município.
E assim, o Censo de 2010 vai sendo realizado nesta parte da maior floresta tropical do Planeta. De maneira bem diferente das demais regiões, mas com a mesma missão: fazer com que os brasileiros que vivem aqui sejam conhecidos pelo resto do Brasil.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

LIVRARIA MAIS MOVIMENTADA DE MANAUS ESTÁ NA MIRA DOS PILANTRAS

Funcionários da Livraria Saraiva do Shopping Manauara, em Manaus, estão de olhos mais abertos do que nunca. Há indícios de que uma quadrilha esteja atacando sistematicamente a loja para roubar livros. Sim! Por incrível que pareça, os pilantras de plantão estão dando uma de intelectuais e subtraindo obras daquela que se tornou a principal livraria da cidade. Segundo um funcionário, que pediu para não ser identificado, pelo menos um homem e uma mulher agem dentro da loja. Apesar do sistema de segurança, e dos próprios funcionários responsáveis pela segurança interna, os suspeitos já conseguiram levar livros da loja sorrateiramente. E de maneira mais sofisticada, houve caso em que um dos meliantes conseguisse enganar os funcionários dizendo que tinha feio uma compra via internet na livraria, mas que não tinha o comprovante. Com muita lábia, um deles teria conseguido levar o livro. Tirando o vacilo do funcionário que, por ventura, tenha entrado no papo, fica o alerta. Não se tem mais pra onde correr mesmo! A pilantragem não perdoa nada, nem ninguém. Se pelo menos, um deles pelo menos me dissesse que era tudo um esforço de roubar dos ricos para dar um biblioteca aos pobres...Aí, poderia até virar um livro pra ser vendido lá na Saraiva!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

COPA 2014: solução dos nossos problemas ou engano coletivo?

Muito se fala, muito se anuncia, muito se anuncia que vão anunciar, muito de tudo. Projetos, discussões, palestras e soluções em todos os prazos. Nunca um evento gerou tanta discussão como a realização da Copa de 2014 tendo Manaus como uma das sedes. E desde que a cidade foi anunciada como tal, todas as esferas envolvidas começaram a falar e falar muito. Mas nada, ou pouquíssima coisa, avançou na direção da concretização das mudanças tão unanimente aceitas como indispensáveis para a realização dos jogos na capital amazonense.
Dois dos 3 maiores jornais da cidade já publicaram reportagens especiais sobre este atraso, mas também mostrando os impasses que se seguiram diante, especialmente, da construção da Arena Amazônica, o novo estádio. Impactos ambientais, gasto desnecessário, necessidade real da obra, respeito e apreço ao velho estádio, o Vivaldão. Ministério Público também se meteu e a obra quase pára de vez.
A prefeitura de Manaus também anunciou um pacote de obras que, de modo ou outro, estão diretamente ligadas aos jogos da Copa. Infraestrutura, transporte, turismo, os assuntos são variados. Para muitos, quase todos, sempre tem alguém falando de soluções. Destaque para o projeto do BRT, dito como melhor meio para o transporte coletivo pra cidade, outro projeto que virou motivo de polêmica, uma vez que se cogitou derrubar até prédios do casario antigo para a construção do sistema viário exigido.
Mas aí é que mora o perigo de começarmos a mitificar a Copa do Mundo aqui em Manaus como solução para os nossos problemas. Alguém tem essa certeza? Que a desfaça, então. Porque a cidade não vai ter seus problemas solucionados. Transporte coletivo. Poluição. Trânsito. O morador da capital sabe o que passa em seu dia-a-dia. Problema é que nem todo mundo ajuda, ou porque não dizer a maioria, a deixar a cidade mais humana.
E quando fala-se em humanizar a cidade, está se falando de deixá-la mais limpa, menos suja em seus igarapés, com trânsito mais educadamente organizado, onde motoqueiros não seja os tresloucados personagens da cena cotidiana. Onde os igarapés não sejam depósitos de lixo. Onde as ruas sejam consideradas extensões das residências. Mas não para virarem locais de abusos das pessoas, mas para serem tratadas com mais respeito, como se fosse um corredor do nosso lar.
Não se iluda o morador. Quando chegar 2014, Manaus vai ter muito mais veículos, mais lixo nas águas, ou seja, menos educação doméstica, item essencial para certas atitudes saudáveis.
Falando em serviços, chegar a um nível de atendimento suficiente para marcar positivamente a memória do turista ainda é uma irrealidade. Um parto demorado, que muito parece não render bons frutos no prazo relativo.
Um simples domingo de muito sol e calor é suficiente para mostrar que a cidade não tem sequer pontos em número adequado que vá suportar a avalanche de turistas à vidos por um banho refrescante em qualquer braço de rio, igarapé ou mesmo piscina.
Fica o alerta para que não caiamos em tentação e ficarmos com os pés muito bem ficandos no chão. Sem alardes, mas também sérios em acompanhar o desenrolar do projeto Copa 2014 em toda a cidade, em todos os níveis da sociedade. Todos têm de dar sua contribuição. Caso contrário, continuaremos viajando na maionese, de maneira coletiva.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

DIÁRIO DO AMAZONAS MOSTRA GASTOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS

(a matéria saiu no Diário do Amazonas desta terça-feira. Assinada pelo jornalista Valmir Lima, ela está também no site http://www.d24am.com/noticias/amazonas/tribunal-de-justica-do-amazonas-pagou-salario-de-r-52-mil/4363 ... foi de onde tiramos esta reprodução que segue abaixo...é uma forma de encaminhar matérias que podem ajudar na solidificação do poder crítico do povo)

Tribunal de Justiça do Amazonas pagou salário de R$ 52 mil

De janeiro a abril deste ano, desembargadores, juízes, diretores e assessores do órgão receberam pagamentos acima do teto constitucional.



Manaus - O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) fez pagamentos, de janeiro a abril deste ano (não há dados anteriores nem posteriores), acima do teto constitucional a desembargadores, juízes, diretores e assessores. Os pagamentos acima do teto variam de R$ 24,5 mil a R$ 52 mil ao mês.
Os dados estão no site do TJAM, no link ‘transparência’. As planilhas trazem apenas o nome do cargo, sem os nomes dos beneficiados, mas lista os ganhos de todos os desembargadores, juízes, diretores e demais servidores.
Em abril, último mês disponível, 137 juízes receberam pagamentos acima do teto de R$ 24.117,64, estabelecido na Constituição Federal para os membros da magistratura nos Estados (subsídio de desembargador). Desse total, 127 receberam valores acima do teto de ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 26.723,13). A Constituição proíbe o pagamento acima do teto de ministro do Supremo a qualquer servidor público.
Dois juízes, que tem a remuneração de R$ 19.535,27, receberam, em abril, R$ 43.032,09 em valores brutos, graças a ganhos com função ou cargo comissionado e “vantagens eventuais”, item constante da planilha da folha de pagamento. Outro juiz recebeu R$ 42.637,80, um terceiro, R$ 41.187,65 e outro três, R$ 40.102,36.
Entre os desembargadores, no mês de janeiro um recebeu R$ 52.548,94, outro R$ 42.240,29 e dez tiveram ganhos de R$ 39.686,44. Naquele mês, o vencimento do desembargador (teto constitucional) era de R$ 23.216,82, mas todos os 19 magistrados do TJAM ganhavam R$ 2.508,18 de função ou cargo comissionado. Os ganhos foram completados com ‘vantagens eventuais’.
Os juízes foram mais bem servidos: 157 receberam remuneração entre R$ 24 mil e R$ 47 mil. Desses, 150 ficaram acima do teto de ministro do STF, que em janeiro tinham subsídio mensal de R$ 25.725,00.
Fevereiro foi o mês em que os desembargadores ganharam menos: apenas dois receberam R$ 29.375,94. Os demais receberam R$ 26.723,00 (valor igual ao teto de ministro do STF). Naquele mês, o vencimento de desembargador subiu para R$ 24.117,64 e o pagamento por cargo ou função comissionado foi para R$ 2.605,36. Todos os desembargadores receberam esse valor, elevando seus ganhos mínimos para R$ 26.723,00 e máximo para R$ 29.284,34.
Os juízes, em fevereiro, quando teto de ministro do STF passou para R$ 26.723,13, também tiveram remuneração acima desse valor ou igual: foram 128, sendo que cinco deles ganharam R$ 29.110,65 e 74 receberam R$ 26.723,00.
Em março, dois desembargadores ganharam R$ 38.781,82, mas todos tiveram remuneração acima de R$ 26 mil. Entre os juízes, em março, 102 ganharam mais de R$ 24 mil e 90 receberam mais de R$ 26,7 mil.
Entre os diretores, os pagamentos de funções ou cargos comissionados e ‘vantagens eventuais’ também ajudaram a elevar os salários, chagando um diretor de secretaria a receber até R$ 36,5 mil e um secretário, R$ 26 mil.
Teto é de 24.117 para tribunais estaduais
O teto remuneratório para os servidores públicos é estabelecido pelo Artigo 37 da Constituição Federal. O Inciso XI diz que os subsídios não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF.
A Resolução 14, do 21 de março de 2006, do Conselho Nacional de Justiça estabelece que o limite remuneratório dos magistrados e servidores dos Tribunais de Justiça corresponde a 90,25% do teto dos ministros do STF.
Como o teto dos ministros está fixado, desde fevereiro deste ano, em R$ 26.723,13, o teto para os tribunais é de R$ 24.117,64. As vantagens pessoais de qualquer natureza, inclusive as eventuais e as gratificações por exercício de mandato de presidente, vice-presidente, corregedor e diretor de foro, estão sujeitas ao teto, segundo a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que inicia amanhã uma inspeção nas contas do tribunal.
Mas no TJAM, desembargadores, juízes e diretores têm o teto no limite da lei mais as vantagens. Na tabela da folha de pagamento do tribunal, há uma coluna denominada ‘retenção por teto constitucional’, mas de janeiro a abril, nenhum magistrado ou servidor teve remuneração retida.
O D24AM.com procurou, nesta segunda-feira (2), o presidente do TJAM, João Simões, e o vice-presidente Domingos Chalub (que presidiu o tribunal até junho deste ano), mas não obteve sucesso. A assessoria de comunicação do TJAM informou que a agenda de João Simões estava cheia, na segunda, mas tentaria uma entrevista à tarde. Não foi possível. Sobre Domingos Chalub, a assessoria informou que ele estava viajando.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PARA AQUELES QUE AINDA ACREDITAM QUE AMAR VALE A PENA

(Amigos, depois de pitstop para reparos na alma, volto com as postagens. Mas dessa vez, resolvi falar de sentimentos. Depois de um trecho de alta turbulência, o vôo retorna à sua altitude de cruzeiro. Para discutir o assunto, resolvi copiar um texto para o meu blog o qual achei muito oportuno. Tenho certeza de que muita gente vai se identificar com o relatado abaixo. É só ver o que estou dizendo, lendo abaixo...)

O SEGREDO DO CASAMENTO
*Stephen Kanitz


(Editora Abril, Revista Veja, edição 1922, ano 38, nº 37, 14 de setembro de 2005, página 24)




Meus amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui ficar casado trinta anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo.
Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.
Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue.
Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.
O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.
Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua de mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?
Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos num único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.
Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.
Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas, e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.
Não existe essa tal "estabilidade do casamento", nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma "relação estável", mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensando fazer no início do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, por que não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.
Portanto, descubra o novo homem ou a nova mulher que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)


quinta-feira, 22 de julho de 2010

GARIS DE MANAUS TROCAM AS RUAS POR SALA DE AULA

A sede da secretaria de limpeza pública de Manaus (Semulsp) ganhou, esta semana, uma sala diferente. Ao invés de almoxarifado, viveiro de plantas, depósito de reciclados e garagem, o órgão tem agora uma sala de aula. É o local onde, nos próximos três anos, 23 garis da prefeitura vão frequentar o curso de alfabetização gastando três horas diárias do horário de serviço. O curso surgiu de uma parceira entre a secretaria de limpeza pública e a Fundação Escola de Serviço Público Municipal (Fespm), órgão responsável pela capacitação do servidor público da capital amazonense. “A fundação escola trabalha com a formação continuada do servidor municipal. Nós vimos a necessidade dessa parceria com a Semed, pelo levantamento que fizemos com o senso (administrativo) nós percebemos que ainda temos dentro da prefeitura servidores não alfabetizados…”, disse a diretora de capacitação da Fespm, Jeânia Bezerra. A estimativa, segundo Jeânia, é de que a prefeitura de Manaus tenha ainda um universo de 2 mil servidores não-alfabetizados, distribuídos pelas diversas secretarias, de um total de 30 mil servidores da ativa.
As aulas vão ser ministradas por professores da secretaria municipal de Educação (Semed), subsidiados pelo Programa Municipal de Escolarização do Adulto e da Pessoa Idosa (Promeapi). “O público ao qual o Promeapi se destina, geralmente, alega o cansaço físico para justificar a evasão escolar. Com essa iniciativa, estamos levando a escolarização até as pessoas que dela necessitam”, afirmou Mauro Brito, gerente de educação de jovens e adultos da Semed. A localização da sala de aula e a liberação e parte do horário de serviço para as atividades escolares foram fatores determinantes para a rápida adesão e formação da primeira turma. "Eu nunca tinha tido a oportunidade para voltar a estudar e é muito bom para nós vir estudar aqui mesmo no trabalho”, disse o servidor, Antônio Reis (51 anos). Ele parou de estudar na 1ª série do ensino fundamental. Todos os servidores inscritos trabalham na sede da secretaria em funções como serviços gerais, reciclagem e e viveiro de mudas. “Ainda mais esses cursos sendo realizados na própria secretaria do servidor porque facilita mais a adesão”, disse o sub-secretário da Semulsp, Túlio Kniphoff. A idéia agora é expandir as salas de aula de alfabetização dentro dos locais de trabalho dos servidores municipais em outros órgãos que apresentam altos índices de servidores não-alfabetizados. "Este apoio das secretarias é importantíssimo para a adesão dos servidores para diminuirmos o número de não-alfabetizados na administração pública", concluiu Jeânia Bezerra.

terça-feira, 20 de julho de 2010

REPORTAGEM DO DIÁRIO DO AMAZONAS LEVANTA A QUESTÃO: LATU SENSU É EXAGERADAMENTE CARO OU É A SEDUC QUE GASTA POUCO COM OS ALUNOS DA REDE PÚBLICA?

( A reportagem abaixo, assinada pela repórter Gisa Prazeres, foi tirada do site http://www.d24am.com/ desta terça-feira. Continuando o assunto sobre o ranking das escolas do Amazonas, anunciado pelo resultado do Enem, levantamos a questão sobre o que fazer para se obter melhores resultados na sala de aula. Comparando os gastos com alunos entre os do Latu Sensu (1º lugar) e as escolas públicas, a reportagem mostra uma discrepância abissal. Porém, lembrando o post anterior deste blog, o Colégio Militar de Manaus, que é uma escola de ensino público federal, aparece em quarto lugar. Fica a questão: temos de gastar o rio de dinheiro que se gasta no Latu Sensu? É uma dúvida que todo pai, assalariado, preocupado, pode estar tendo e tentando responder)

Um mês na 1ª do Enem é 80% do custo anual de aluno na Seduc

Alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Lato Sensu pagam R$1.100 por mês, enquanto a Secretaria de Estado de Educação gasta R$ 1.400 por ano com estudante desta série.
Foto: Evandro Seixas 11/12/05 Seduc informou que gasta R$ 1.400 com um aluno do terceiro ano do 
ensino médio por ano. 
Os alunos da escola particular de Manaus com o melhor desempenho, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, pagam por mês, o equivalente a 80% do custo anual de um estudante da rede pública para o Estado.
A mensalidade para alunos do terceiro ano do Ensino Médio, do Centro Educacional Lato Sensu, é de R$1.100. Segundo a assessoria da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), um aluno de nível Médio da rede pública estadual custa R$ 1.400 ao ano, valor em que estão inclusos os gastos com salários de professores, livros didáticos e merenda.
Por ano, os responsáveis pelos alunos do Lato Sensu gastam R$13.200 só com a mensalidade escolar, valor que representa, anualmente, o custo de nove alunos para o Estado.
O desempenho das escolas foi divulgado, ontem, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC), no qual aparece em primeiro lugar, no Amazonas, o Lato Sensu 2, no Centro, com média de 692,24 pontos; seguido do Lato Sensu do Adrianópolis, zona centro-sul, com 675,95; Fundação Nokia de Ensino com 666,22; Colégio Militar de Manaus com 658,59 e Colégio Nossa Senhora do Rosário, em Itacoatiara (a 176 quilômetros a leste de Manaus) com 657,96.
Entre as sete escolas particulares com melhor desempenho, no Enem 2009, as mensalidades variam de R$ 605, no Centro Educacional La Salle, a R$1.100, no Lato Sensu.
Para a psicopedagoga Cláudia Brasil, a família tem um papel importante no desempenho escolar do aluno. “Quanto mais a família acompanha e incentiva o aluno, mais ele terá vontade de estudar”.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

COLÉGIO MILITAR DE MANAUS VIROU UMA ILHA NO MEIO DAS PARTICULARES. AMAZONAS TEM A ESCOLA COM A PIOR NOTA DO ENEM.

O resultado do Enen, divulgado nesta segunda-feira, mostra a hegemonia das escolas particulares entre os primeiros lugares do ranking do Amazonas. Nada que seja diferente ao resultado geral nacional, mas há de destacar três detalhes interessantes colocações. Um deles é o Colégio Nossa Senhora do Rosário, do município de Itacoatiara (360 km de Manaus) que aparece como quinto lugar. Em se tratando de escola do interior do estado, um resultado gratificante e surpreendente, mostrando que o bom ensino independe de colocações geográficas. Depois, vimos o 3º lugar do Colégio Militar de Manaus, prova de que não é preciso rios de dinheiro para se obter bons resultados da sala de aula. Ensino público federal, sob a responsabilidade do Ministério da Defesa, Comando do Exército, o CMM se destaca todos os anos entre os melhores do Amazonas. Enfim, a gente vê uma escola do Amazonas no último lugar do resultado geral do MEC. A Escola Estadual Indígena Dom Pedro I, localizada na zona rual do município de Santo Antônio do Iça (região do Alto Solimões) obteve 249,25 pontos no Enem. A média mínima é de 500 pontos, segundo o Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais - Inep. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

MAS QUE FRASEZINHA SEM VERGONHHHHAAAAAAAA!


Analise com atenção a foto acima. Na verdade, as inscrições da parte traseira do ônibus alternativo que trafegava, na tarde desta quinta-feira, pela avenida Getúlio Vargas, centro de Manaus. Telefones de contato do IMTU ( que agora, é IMTT - Instituto Municipal de Transporte e Trânsito), numeração do veículo, símbolo da Prefeitura de Manaus, o poder que concede a permissão de trafegar pelas ruas da cidade, cobrando pelo serviço de transporte coletivo alternativo. O que destoa do corriqueiro, legal, é tão somente a frase "CUIDADO POSSO PARAR".
Na prática, a frase simboliza a bagunça que virou o transporte coletivo da cidade de Manaus. Esse aviso signfica, no final das contas, que o motorista pode pararm em qualquer lugar, de qualquer via, a seu bem entender, independentemente de lei de trânsito. E o motorista que venha atrás que se dane, né? Pois é isso que está acontecendo na prática. É como se o motorista colocasse a inscrição na parte traseira do seu carro particular: CUIDADO QUE EU POSSO PARAR A QUALQUER MOMENTO.
O aviso do microônibus tira o ônus do motorista caso ele cause algum acidente? Duvido muito que se pense assim, nem dentro das empresas, nem dentro da fiscalização. Fica aqui o registro da imbecilidade de quem planejou, mas principalmente que permitiu essa gambiarra. E olha que, pra completar, querem também oficializar o serviço das mototaxis. Imagina isso aqui em 2014!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PARINTINS SOB OLHAR DE UM SUÍÇO QUE MORA NA COLÔMBIA

Luca Zanetti, fotógrafo, nascido na Suíça, hoje morando em Bogotá (Colômbia), foi a Parintins pela primeira vez este ano. O trabalho, encomendado por uma revista européia, virou um ensaio fotográfico com sensibilidade profissional à toda prova. Uma pessoa de grande experiência profissional, mas nem por isso inacessível para uma profícua conversa de troca de idéias. Foi assim o nosso bate-papo inicial, em pleno bumbódromo. Meu amigo Yano Sérgio foi quem me avisou sobre a vinda dele e pediu que eu desse umas dicas sobre Parintins, o festival e suas histórias.

O trabalho final pode ser conferido no endereço http://www.fotozanetti.com/luca/reportage/bumba-meu-boi/ , bem como o trabalho em geral deste confrade. Fica a dica para quem gosta de fotografia, em especial.

terça-feira, 13 de julho de 2010

VIVALDÃO COMEÇA A VIRAR ESCOMBROS

Finalmente...e não que isso seja uma expressão de regozijo...o Vivaldão começou a virar escombros pra valer...A construtora Andrade Gutierrez começou a demolir as partes de alvenaria do estádio na manhã desta terça-feira. Para o portal Terra, escrevi este texto jornalístico abaixo.



MANAUS COMEÇA A DEMOLIR ESTÁDIO PARA A COPA DE 2014

Dois dias após o término da Copa do Mundo da África do Sul, a cidade de Manaus começou a demolição do estádio Vivaldo Lima cumprindo uma nova fase da obra de construção da Arena da Amazônia, o estádio que sediará os jogos da Copa de 2014. Em março deste ano, o Vivaldão começou a ter sua estrutura metálica desmontada, bem como a retirada de cadeiras e assessórios reutilizáveis, mas a demolição da estrutura de concreto só foi liberada na última sexta-feira com a liberação da ordem de serviço pelo governo o do estado. Todo o material foi reaproveitado e enviado para municípios do interior do estado. “Agora, começam pra valer a respirar a copa de 2014. E é importante que não percamos nenhum prazo para que, no final de dezembro de 2012, estejamos com esta arena pronta já para realização da Copa das Confederações para a qual Manaus é candidatíssima para sediar”, disse o secretário de esportes do Amazonas, Júlio César Soares.

Desde o início da manhã desta terça-feira, máquinas retroescavadeiras estão demolindo a estrutura de bares, banheiros e coberturas de concreto do estádio. Em poucas horas de trabalho, mais da metade do trabalho já tinha sido concluído transformando boa parte do estádio, que completou 40 anos de inauguração, em escombros. O secretário de esportes informou ainda que até dezembro deste ano estarão completadas duas fases importantes da obra. “Nós torcemos para que o verão seja bem rigoroso, com o sol nos ajudando para que, até dezembro, estejamos com toda a estrutura do estádio demolida e com as obras de fundações estejam iniciadas”, disse Júlio Soares.

Na parte do campo, o nível do gramado também está sendo rebaixado. Uma exigência da Fifa para atingir o ângulo de visibilidade do torcedor em relação ao campo. O projeto da Arena da Amazônia foi apresentado como uma obra ecológica, onde cerca de 95% do concreto usado virá da reciclagem da própria demolição do antigo estádio. A construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, anunciou que vai instalar uma mini-usina para reciclagem do material, tanto concreto quanto argila que serão retirados durante a fase de demolição.

Depois de construída, a Arena está projetada para ter capacidade de 47 mil espectadores. A estrutura prevê ainda a instalação de restaurantes, camarotes, além de estacionamentos subterrâneos e uma cobertura em forma de um paneiro, espécie de cesto usado pelos índios da região.

A obra está orçada em cerca de R$ 500 milhões, dinheiro que virá, na sua maior parte por intermédio de financiamento do BNDES. O processo ainda não foi aprovado pelo órgão, mas foi o primeiro a ser apresentado entre os nove destinados a construções das arenas públicas das cidades que sediarão os jogos de 2014 no país. “A nossa parte já estamos fazendo. Agora, esperamos que o BNDES aprecie o nosso projeto para que possamos garantir a conclusão da obra até dezembro de 2012”, concluiu o secretário Júlio César Soares.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

UMA OPINIÃO SOBRE O VIVALDÃO DAS NOSSAS BOAS LEMBRANÇAS E O FUTEBOL DAS NOSSAS ESPERANÇAS

(Luís Cláudio Chaves, hoje juiz de direito da comarca de Manacapuru, já foi menino que, levado e incentivado pelo pai, passava tardes de domingo vendo jogos no estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, torcendo para o nosso querido Nacional Futebol CLube. Contemporâneo meu da Universidade Federal do Amazonas, ele foi companheiro de movimento estudantil pelo curso de direito enquanto eu, pelo de jornalismo. Hoje, compartilhamos muito das idéias sobre o futebol amazonense. Eu, que também cresci indo ao Vivaldão, da mesma forma incentivado pelo meu pai, abro espaço para reproduzir aqui, com a devida permissão concedida, o seu artigo, intitulado "Rever conceitos é preciso", postado no site da rádio CBN/Manaus. O dileto magistrado, a quem costumo chamar de companheiro, é também um bom amigo. São essas as suas palavras...)


REVER CONCEITOS É PRECISO


Mesmo prevendo o porvir: licitações, aditivos etc; e mesmo achando que se poderia construir a nova arena em outro lugar, para não se destruir o palco de tantos sonhos e emoções, tinha a esperança que, enfim, teríamos uma política para o esporte e, especificamente, ao nosso futebol. Afinal, não fazia sentido, como não faz, gastar R$ 500 milhões na construção de um estádio e outros tantos na demolição do Vivaldo Lima, sem que se tivesse um projeto para fortalecer o futebol local, única forma racional de povoar a nova construção, conferindo-lhe utilidade pós-Copa.

Dizem que no amazonas não tem futebol. Não é verdade. Nacional e Rio Negro, em 2013, no ano da Copa das Confederações, que tanto almejamos sediar, completarão 100 anos. Não se pode contar a história de Manaus, e deste Estado, sem mencionar estes e outros clubes da nossa terra. Futebol não tinha o Japão, nem os Estados Unidos, alguns anos antes de sediarem suas Copas, até porque esse esporte nem estava entre os preferidos de seus povos. O que fizeram? Criaram os meios, atraíram investimentos e, hoje, tanto a liga japonesa, quanto a norte-americana são realidade. O futebol só cresce nesses países e o reflexo nas campanhas de suas seleções é insofismável. É só observar seus resultados na Copa da África e compará-los com as edições anteriores. Aliás, não dá, porque eles nem passavam das Eliminatórias.

E aqui no Amazonas estamos dispostos a provar que eles estão errados. Nós é que sabemos das coisas. Criticam os gastos porque nosso futebol está em crise? Por que não teremos destinação para a nova obra? Então, para justificá-los - os gastos - dizemos: a arena será multiuso, não precisamos ter futebol. Que venha a Madonna!!! Mas quantas Madonnas assistiremos por ano?

É, os alemães estão errados também. Lá onde eles construíram as arenas, de onde a nossa será trazida, o futebol é o responsável pela sua utilização. Precisa-se de uns 40 eventos por ano, com média de público entre 10 mil a 15 mil pessoas, para que não dêem prejuízo.

Em 1986, último ano do Nacional na primeira divisão, embora a população de Manaus fosse menos da metade do que é hoje, o Mais Querido não jogava para menos de 15 mil pessoas. Houve campeonato Brasileiro da primeira divisão em que nos classificamos por termos maiores rendas.

Quando da criação do programa Eu Quero a Nota, do Governo do Estado, em 1999, nossos estádios viviam cheios. O futebol atraia mais público que o boi e o cinema juntos. O resultado disso, foi o acesso do São Raimundo à série B, onde ficou até 2006. Não menos que 10 mil espectadores estavam sempre no Vivaldão assistindo aos seus jogos. E olha que não era nem o Naça. E não era Série A.

Vejamos o exemplo da Espanha: antes de sediar as Olimpíadas de Barcelona - 92, desenvolveu políticas esportivas que dão fruto até hoje; e nos mais diversos esportes, atletismo, ciclismo, futebol, basquete,tênis; só para citar alguns. Então, o caminho natural e lógico é fazermos algo parecido, criando as condições para termos um time na série A e outro na série B do Campeonato Brasileiro; e com isso reafirmar nossa identidade, elevando a autoestima do povo para que volte a acreditar que o Amazonas também é capaz de produzir cultura, e não só de trazer as coisas prontas pra cá. Rever conceitos é preciso. Ainda há tempo.

sábado, 10 de julho de 2010

NO AMAZONAS, AS ELEITORAS É QUE MANDAM MAIS

As eleições deste ano, no Amazonas, vão ter um toque feminino mais forte nas urnas. O Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE) registrou para o pleito de outubro um colégio eleitoral de 1.995.074 eleitores, dos quais 50,47% são mulheres. Mas apesar da hegemonia feminina do eleitorado apto a votar, essa vantagem se inverte na divisão de candidaturas por sexo. De 465 candidatos aos cargos eletivos registrados pelo TRE-AM até a sexta-feira passada, apenas 108 são candidatas o que representa cerca de 23,2% do total.
Entre as candidaturas proporcionais, são 7 candidatos homens ao senado contra 2 candidatas. Para deputado federal a diferença é de 42 homens contra 13 mulheres candidatas. E nos registros de candidatos a deputado estadual, 208 homens estão candidatos enquanto que 85 mulheres vão disputar o pleito. Para governo do estado, nenhuma mulher vai disputar.
Na análise das estatísticas do eleitorado, a quantidade de mulheres eleitoras cresce junto com o eleitorado total amazonense. Das eleições de 2008 para este ano, o colégio eleitoral do estado cresceu 4,7%.
As mulheres de 16 anos, debutantes no processo eleitoral, formam a maioria das eleitoras junto com a faixa etária entre 25 e 34 anos. Em níveis de escolaridade, as eleitoras com curso superior completo significam apenas 1,9% do eleitorado, enquanto que 7,7% declararam ser analfabetas. Mas a grande maioria está apenas no nível de primeiro grau, estando cursando ou concluído, somando um percentual de 41% das eleitoras.
Para conquistar essa parte significativa do eleitorado, os candidatos vão ter de considerar o perfil das eleitoras. Enquanto a campanha eleitoral não esquenta pra valer, supõe-se que a gama de indecisas é que pode significar a eleição do candidato. Por isso, ouvir o eleitor pode ser uma boa estratégia. “Eu demorei pra tirar o meu título. Só me interessei mesmo já com 34 anos e isso foi porque eu precisei dos documentos”, disse a empregada doméstica Selma de Souza que votou pela primeira vez nas eleições passadas quando já era mãe de três crianças. Já a jornalista Luziane Figueiredo, 34 anos, diz que é inconcebível deixar de votar.”Eu voto desde os meus dezoito anos e só deixei de votar uma vez porque eu tinha feito uma cirurgia e não tinha como ir (ao local de voto)...”, diz a jornalista.
Para o candidato poderia se dizer que a “sorte está lançada”. Mas como a gente espera que o processo eleitoral não seja tratado como uma disputa de quartas-de-final, resta dizer “que Deus nos proteja dos malas”.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ENQUANTO ISSO, NOS LARES BRASILEIROS, O TELESPECTADOR SINTONIZAVA

Registro do blog http://audienciadatv.wordpress.com durante o início da noite desta sexta-feira. Jornal Nacional no ar e a Band cutucava suas concorrentes diretas, SBT e Record. A supremacia dos Marinhos ainda é óbvia e pétrea com o JN. O telespectador brasileiro já sabe mudar de canal, mas continua vendo as notícias sob a ótica do PLIM-PLIM. A esperança é o índice da Band que mostra um suspiro de alternativa pelo bom jornalismo que a emissora vem mostrando. Pena que todas as emissoras não conseguem se desvencilhar da padronização pantomímica em casos como o do goleiro Bruno. Parece que todas se esquecem do senso de ridículo e mergulham na escalada da mesmice circense que se torna a cobertura de casos dessa natureza. Lembro das coberturas dos casos Daniela Perez, Isabela, e outros. Nessa hora, lembro apenas da única arma que o telespectador (leia-se família) ainda possui: o controle-remoto.

TRABALHO INFANTIL AINDA É PROBLEMA NO INTERIOR DO ESTADO...PARINTINS QUE O DIGA!

A auditoria do Ministério do Trabalho no Amazonas registrou, durante o mês de junho, cerca de 70 casos de exploração do trabalho infantil. Pelo menos sessenta deles foram casos que ocorreram em Parintins, durante campanha do MTb na época do festival dos bois-bumbás (Garantido e Caprichoso). "Eu vi casos muito chocantes em Parintins. Crianças catando lata, trabalhando de madrugada...", disse a auditora do trabalho, Creuza Barbosa, responsável pelo projeto que tenta erradicar o trabalho infantil no Amazonas. Ela também informou que o município de Tefé, na região do alto rio Solimões, também foi alvo de apreensões de crianças em situação ilegal de trabalho. Crianças que, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, deveriam estar sendo atendidas em suas necessidades básicas, considerando a idade e a fase de desenvolvimento mental e físico. Creuza afirmou também que a saída para esses pais seria mesmo ter alternativas de deixarem seus filhos em escolas de tempo integral, considerando que as crianças, na maioria das vezes, está ajudando na busca pela sobrevivência, na complementação da renda da família. O desafio é atual e vai permanecer enquanto houver pouca alternativa de renda para as famílias.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

ESTUDO DA UFAM MOSTRA QUE COMPENSAÇÃO SOCIAL À POPULAÇÃO DE BALBINA É INÓCUA

Ela foi chamada por um estudo da USP de "a hidrelétrica que não deu certo". De sorte que, 22 anos depois de entrar em funcionamento parcial, a definição cabe muito bem. Um estudo de doutorado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), assinado pelo professor-pesquisador Renam Albuquerque, lotado no campus de Parintins, mostra que a contrapartida social da empresa fornecedora, a Amazonas Energia, não tem sido suficiente para compensar o impacto causado pela construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, nas margens do rio Uatumã, a cerca de 180 quilômetros de Manaus por estrada. O resultado negativo na economia com a inundação de milhares de hectares de floresta nativa pode ser mensurado pela condição atual da população local. O complexo elétrico, pensado ainda nos idos de 1973, para suprir Manaus de energia, não deu funciona até hoje. Tanto que a capital amazonense, para cobrir toda a demanda, vale-se de três usinas termelétricas que gastam milhões de óleo diesel por dia a custos exorbitantes. Segundo o levantamento prévio do professor Renam, "A luta pela vida nos últimos 20 anos, então dificultada pela falta de recursos naturais em abundância desde o enchimento do reservatório em 1989, ainda hoje gera conflitos interpessoais e afeta da mesma maneira o valor imaterial da floresta. Esse custo não é quantificável pela vias monetárias, de tal maneira que a constatação de quem visita o rio Uatumã a jusante, hoje, é de que a assistência social fornecida pela Amazonas Energia às populações afetadas é absolutamente insuficiente perante a magnitude da tragédia que se estabeleceu na área nos últimos dois anos, sobretudo, quando o deslocamento compulsório foi observado novamente em decorrência da cheia imprevista do rio". 
O estudo se baseia na constatação de que foi só o clima começar a dar sinais de ruptura com o regime natural e histórico das águas que a resposta das "autoridades competentes" não respondeu a contento. Com a cheia de 2009, e do anterior, várias famílias da parte debaixo do rio Uatumã, onde fica a usina, ficaram isoladas. O ramal que segue a margem do rio, onde centenas de famílias residem, ficou isolado porque vários trechos foram inundados. A empresa anunciou algumas medidas, como por exemplo a instalação de transporte gratuito ao longo do trecho inundado. As lanchas passaram a subir de descer o rio, pegando desde alunos até donas-de-casa em busca de mantimentos na cidade mais próxima, Presidente Figueiredo (104 Km de Manaus). O ramal fica inteiramente na área da usina, inclusive o porto de chegada e partida das lanchas. Mas essas medidas, segundo o estudo, não são suficientes.
"A estatal, de forma ainda surpreendente, parece não reconhecer sua responsabilidade na profunda ruptura social imposta aos povos desterritorializados -- o que gerou recrudescimento na auto-estima coletiva por causa do forçado processo de desfiliação com o território -- e tem cobrado altas taxas de consumo de luz elétrica dos ribeirinhos", diz o estudo prévio que será apresentado em forma de trabalho científico na Ufam.
Os números, já reconhecidos, corroboram para a fama nefasta da usina. Balbina inundou uma área de 2,4 mil Km quadrados para produzir 250 megawatts de energia. Tucuruír (Pará), por exemplo, produz 4,2 mil megawatts com uma área inundada de 2,8 mil Km quadrados. Se a lógica da relação custo-benefício ainda vale em termos ambientais e sociais, a provocação lúdico-científica do professor Renan vai ser mais uma ajuda pra nossa consciência.

sábado, 3 de julho de 2010

PIPOCA E FUTEBOL: O EXEMPLO QUE VEM DE NATAL (RN)

Estava no mês passado no Nordeste. E quando passei por Natal (RN), me desprendi dos meus aposentos temporários para, em uma noite bem agradável, assistir à partida entre América e ABC, partida da Copa Nordeste. Estádio do ABC, o simpático e moderno "Frasqueirão", com torcida dos dois times lotando as dependências, o que me chamou atenção foi a organização dos serviços de venda de bebidas e petiscos comuns aos estádios. Em várias partes das arquibancadas, gelerias de isopor com os vendedores uniformizados. E confesso que a impressão foi de que os vendedores já conhecem muito bem os seus fregueses. È porque vi vários deles chamando pelo nome a senhora que estava guardando um dos depósitos com bebidas. Outra cena foi que, em outra ponto, um torcedor veio querer pagar a bebida porque estava indo ao  banheiro. O vendedor disse para o rapaz que não se preocupasse. Ele podia ir tranquilo que podia pagar depois, ao final da partida.
Fora isso, o que mais me chamou mesmo a atenção foi a pipoca vendida em saquinhos com o símboldo do ABC. Resultad da parceria entre o clube natalense e a iniciativa privada. No rótulo dizia: compre este produto e ajude o seu time. Bem, em se tratando de futebol amazonense, vale o exemplo. Será que poderíamos esperar uma pipoca nacionalina, ou mesmo um amendoim são raimundense, uma banana frita fastiana? Tá dado o recado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ESCOLHENDO A BOA MORTALHA...ENCARNADA OU AZULADA? COISAS DE PARINTINENSE


Eis que, passeando pelas ruas ensolaradas de Parintins, deparo-me com uma funerária oferecendo caixões, digamos, customisados com as cores dos bois. Algo que me pareceu muito justo. Afinal, enterra-se com as cores do time preferido, por que não com as do boi-bumbá amado? Então, lógico que o caixão azul e branco estava fazendo dupla com o vermelho e branco. E aí, a decisão seria por conta do freguês. Uma oferta providencial para, no final das contas, evitar-se que um parintinense da gema, que nem o saudoso pai do confrade Klinger Araújo, seja enterrado com a inscrição na lápide: "aqui, jaz, contrariado, fulano de tal"...Por final, é bom mesmo combinar pra que o óbito aconteça somente depois do dia 1º de julho.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

NÃO VEJO FALAREM DA PARINTINS QUE EU VI

Em termos de reportagens sobre Parintins, foram muito boas e outras, nem tanto. Profissionais que foram estavam entre os experientes e escreventes de primeira viagem. Os maiores jornais de Manaus deram cobertura ampla, deu pra suprir os leitores mais exigentes. Apesar disso, eu vi detalhes que não vi impressos em canto nenhum, em forma de reportagem.
Não vi a desvirtualização do lazer em sua forma sadia, ao me deparar com a Sodoma e Gomorra nas quais se transformam as ruas do centro da cidade nas madrugadas. E o detalhe factual, como se diz na linguagem das redações, a ação da PM em mandar desligar as aparelhagens de som que estupravam nossos ouvidos com os famigerados forrós e funks. Nem me detenho a descobrir quem assinou a ordem, porque certamente partiu do Poder Judiciário e/ou Ministério Público. De qualquer maneira, foi o poder público agindo em nome da qualidade dos nossos ouvidos.
Não vi escrita a busca cruel pela sobrevivência de incontável número de jovens, muitos menores de idade, ao se submeterem a subpostos de trabalho temporária na época do festival. Lembro bem de uma jovem que atendeu a mim e minha namorada em um dos lanches da Praça Digital. A garota não tinha mais que 18 anos. Vestida com uma bermuda jeans colada, blusinha decotada, mais parecia que estava em casa e não atendendendo o visitante em um dos pontos turísticos mais importantes da Ilha. Eu pedi uma vitamina e perguntei se ela estava ali só na época do festival. Confirmou que sim. Perguntei também se ela ganhava hora extra e adcional noturno. Este segundo item, me pareceu que nem sabia o que era. A garota, com sotaque inconfundível de parintinense, me disse que entrara no serviço às 16h naquele dia. Já era 2h da madrugada do dia seguinte e não tinha hora pra fechar. Além de servir, vi que as atendentes também ajudavam a limpar a praça, juntando os copos e outros lixinhos jogados pelos não tão educados clientes. Lado injusto do evento mais importante da cultura nortista.
Não vi também escrito que o parintinense nato perde um pouco da sua paz. Deixa de sentar à frente da sua casa pra conversar no fim da tarde, à boca da noite.
Não vi que Parintins já está caminhando para a degradação dos veios aquáticos do entorno urbano, como é a francesa, bairro do extremo leste da cidade. É onde, um dia, vi os caboclos pegarem com as própais mãos surubins vivos, presos nos quintais cercados, alagados pela enchente. Hoje, a área foi aterrada e, nela, construída um mercado para produtores rurais.
Comentário geral foi de que o movimento estava mais fraco do que nunca. É a sensação que dá. Menos barcos ancorados e os vôos totalmente lotados, criando um congestionamento inigualável no aeroporto Júlio Belém. Sinal de que, cada vez mais, a festa está se tornando evento para VIPs, com dinheiro pra pagar até R$ 900,00 por ingressos das mãos de cambistas.
Parintins parece mesmo um ritual...ou lenda amazônica...ou figura típica regional...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

AS NOSSAS CIDADES SEDES DA COPA DE 2014: DURA REALIDADE

Em passagem por Fortaleza, é impossível não prestar atenção de maneira diferenciada nos pontos que são nevrálgicos em se tratando de prepparação para receber os jogos da Copa de 2014. Vou resumir sem muitas delongas. A capital cearense está com quase todas as ruas principais precisando de uma urgente, e profunda, melhoria. Os buracos deixam o trafegar uma missão perigosa, suplício mais do que duplicado para quem é visitante e não tem costume de dirigir pelas vias daquela que se auto denomina "terra da luz".
Serviços e atendimento, como sempre, são incômodos. Na lanchonete Palheta, da praça de alimentação do aeroporto, eu pedi uma simples isca de azeitona, queijo-coalho e batata frita. O garçom me traz um prato sem azeitona. Quando eu reclamei, ele me diz que "azeitona tava em falta". Sem contar que eu já tinha pagado R$ 12 pelo prato, pedi que levasse lá no balcão e tomasse uma providência. Pra completar, provei o queijo coalho. Tava simplesmente gelado. O rapaz foi lá com a gerente e trouxe a seguinte resposta: "a encarregada do horário disse que queijo coalho é servido assim mesmo. Mas se o senhor quiser, pode pedir outra isca". Como estou em férias, não quis me estressa mais. Pedi mini-kibe...
Atendimento e estrutura. Vi que esses dois pontos importantes precisam ser tratados com mais eficiência pela iniciativa privada e pelos governos.
Ah! A cena derradeira que tive da praia de Iracema,calçadão da Volta da Jurema, foram 3 senhores correndo atrás de um rapaz, suposto ladrão que tentara atacar os turistas. O meliante conseguiu fugir!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

ELEMENTOS AMAZÔNICOS INSPIRAM ESTILISTAS AMAZONENSES E CHAMAM ATENÇÃO DE EMPRESÁRIOS SULISTAS

O que tem em comum o couro do peixe da Amazônia, a vida ribeirinha, sementes e cipós da floresta com a moda do dia-a-dia? Foi o que 21 estilistas amazonenses tentaram mostrar na Ambiental Fashion II, desfile realizado por um grande shopping de Manaus (AM) como parte da programação da Semana Estadual do Meio Ambiente. As mais de cem peças apresentadas evidenciaram os elementos da natureza amazônica como resultado de um treinamento que todos os artistas tiveram com instrutores convidados, como por exemplo o reconhecido estilista Waldemar Iódice, dono da grife que leva o mesmo nome. “É um início real de fortificar o trabalho dos estilistas amazonenses que começam a encontrar dentro da matéria prima da região uma moda que você possa usar no dia-a-dia”, definiu Fernando Salignac, um dos produtores do desfile.
E apesar do tema amazônico, os toques pessoais de cada artista podia ser muito bem diferenciado entre as peças. Fosse nos fios de tucum (palmeira amazônica) das roupas desenhadas pela estilista Thaty Wenza, fosse pelos traços indígenas do grafismo étnico de Rosany Oliveira, ou mesmo pelos detalhes das sementes e pedras unidas em formas de crochê aos tecidos de tom que lembram a natureza, em especial do verde em diversas tonalidades. Uma arara vermelha se definia no vestido de algodão tingido de vermelho, azul e amarelo. O tempo chuvoso foi lembrado, bem como a vida do caboclo ribeirinho na margem dos rios e lagos. Os animais serviram não apenas de inspiração, mas também de matéria prima de destaque nas peças da coleção apresentada. Em diversas peças, o couro de peixes da Amazônia figurou de alguma maneira. E para não ficar somente na mostra, a secretaria de desenvolvimento sustentável do Amazonas (SDS), também realizadora do evento, fez contatos e conseguiu firmar uma boa parceria no setor envolvido. A empresa Péltica, indústria de couros especiais sediada em Estância Velha (RS) vai levar dez estilistas que mais se destacaram na mostra para um treinamento específico do trato do couro de peixe voltado para peças como sapatos, bolsas e  acessórios. Os diretores da empresa foram a Manaus e conversaram também com alguns frigoríficos que industrializam peixes de couro na região. O resultado foi um acordo para o envio de cinco toneladas de couro de peixe de pelo menos dez espécies para uma primeira experiência de comercialização entre os dois estados. “Nós chegamos á conclusão de que há um grande potencial comercial a extração das peles de peixe nos frigoríficos do Amazonas. São peles que são descartadas hoje e que nós podemos transformar em artigos de luxo para serem utilizadas no mundo da moda”, afirmou Alexandre Frassom, um dos diretores da empresa. O acordo também prevê o treinamento de trabalhadores dos frigoríficos locais que vão aprender a retirar de maneira correta o couro do peixe sem danificá-lo.
Entre os estilistas, o otimismo gera a expectativa de que a moda produzida com os elementos da floresta possam render bons negócios . “Nada melhor do que estilistas amazonenses  pra levar o nome da Amazônia para fora e não outras pessoas de lá virem buscar nossos materiais e levar. Essa coleção tem o objetivo de valorizar tudo o que é daqui, tanto estilista, tanto que é matéria-prima”, disse a estilista Tamires Pezzi que usa em suas peças pedaços de couro de pescada, uma das espécies mais consumidas na região.
E como não poderia ficar de fora, o sentimento de sustentabilidade incluiu também na criação das peças objetos reciclados. Criações muito bem simbolizadas pelo vestido feito de latinhas recortadas assinado pela dupla Ana Paula e Kaline, estilistas que fazem parte de um laboratório  de moda mantido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e uma universidade particular. A coleção apresentada pelas duas foi batizada de Moda Brechó, que tem o objetivo de minimizar os impactos causados pelo descarte de produtos industrializados no meio ambiente.
“Nosso maior desafio agora é este. Fazer que esta atividade possa gerar renda e mostrar que o meio ambiente também possa se transformar em moda. E mostrar que a sustentabilidade está em todos os segmentos”, concluiu Nádia Ferreira, secretária da SDS.

domingo, 30 de maio de 2010

APRENDA A NAVEGAR NA AMAZÔNIA MESMO SENDO APENAS PASSAGEIRO

Navegar é preciso? Sim, mas tem de navegar certo, certo? Daí que até mesmos nós, passageiros corriqueiros dos barcos que navegam pela Amazônia, temos de conhecer o que e como se deve proceder na hora de "alçar as velas". Uma boa dica que dou aqui é um velho livro, porém bem completo, escrito pelo captião de mar-e-guerra, Geraldo Luiz Miranda de Barros. Autor de vários livros sobre navegação, o autor escreve de maneira fácil, porém aprofundada e prática no seu "Navegar é Fácil", editado pela Edições Marítimas.
O livro tem 202 páginas que se dividem em teoria e ensinamentos práticos da arte da navegação. Mas como diz o prefácio, o livro é "uma valiosa contribuição ao desenvolvimento da mentalidadr marítima do nosso povo".
Daí que o passageiro, principalemente o costumaz, deve se inteirar do que uma obra dessas diz para poder não só cobrar, mas exercer também na hora necessária. Isso porque além das regras de navegação, o que já é por si só um chamariz para o curioso, o livro tras noções de primeiros socorros, cartas náuticas, até tipos de nó.
Então, considerando a época de estiagem, cheia dos rios, quando a navegação aumenta considervelmente, fica a dica da obra. É só procurar nas livrarias mais completas. O livro custa em torno de R$ 67,00. Pode ser encontrado na net em pesquisa no site www.navegarefacil.com.br, que tem no próprio autor o seu webmanager. O livro já está na sua 12ª Edição. A capa desta aqui ao lado é de 1985, a 3ª edição. Então, mãos à obra.

sábado, 29 de maio de 2010

A DIFÍCIL CAMINHADA DE MANAUS À MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E PARTICULARES

Muito se tem falado, muito se tem pretendido mostrar. Mas a verdade é que Manaus está bem distante do que se pode esperar de uma cidade pronta pra receber o turista, visitante seja de onde for. Os serviçcos oferecidos, sejam eles da esfera pública, seja da particular, são capazes de proporcionar momentos de puro estresse ao usuário, leia-se cliente que vai pagar por eles.
Dia desses, passeando de lancha no maravilhoso igarapé do Tarumã, reduto da maioria das marinas e demais práticas aquáticas, inclusive ponto lotado dos restaurantes flutuantes com suas comidas regionais, parei em um pontão, como se chama aquela balsa com posto de combustível e loja de conveniência. Parei para comprar apenas água  e prato descartável, mas pedi também para o frentistas completar o tanque, o que daria em torno de R$ 30 de gasolina, a quantia exata que pedi pra ele colocar. Minha namorada ficou na lancha acompanhando o trabalho do frentista, enquanto eu ía pegar os produtos. Paguei no caixa tudo, somando também a gasolina (R$ 30). Quando cheguei na lancha, um dos frentistas me diz que o colega errou e colocou R$ 70 de gasolina. Retruquei dizendo que era uma diferença muito acima do que eu tinha pedido. Ele não se importou e disse apenas um mínimo "pois é". Nem discuti muito, fui ao gerente, relatei o fato e disse para eles "se resolverem". Um outro cliente ao meu lado, disse que o problema também tinha acontecido com ele e com o cliente que estava na lancha ao lado, ou seja, três clientes na mesma situação.
Enquanto isso, em outro espaço de tempo e lugar, sento à mesa de uma famosa cachaçaria de Manaus. Um casal de amigos me acompanha. Ela, consultora de marketing da TAM. Ele, funcionário do alto escalão de uma secretaria de estado ligada à preparação do Amazonas para a Copa de 2014. Não pude imaginar que tinha sido a coroação prática do que vínhamos falando: os serviços oferecidos na cidade. Bem no prato da minha amiga, que se deliciava com um prato feito à base de purê de batatas e carne seca, eis que ela encontra uma "trufa" de cabelo na comida. A garçonete levou tudo de volta, pediu desculpas e não nos cobraram o prato, claro.
Outro fato que me chamou atenção foi na decisão do campeonato amazonense de futebol. Estacionei meu carro do lado oposto à entrada do estádio do Sesi, no aleixo. Muito complicado, o trânsito era um desafio para quem  queria atravessar a via. Mas eis que alguns guardas de trânsito da PM viram o suplício de vários cidadãos e resolveram ajudar. Que beleza, pensei! Mas minha admiração pelo pronto apoio virou decepção quando, na saída, um sufoco pior por causa do horário estava deixando a travessia bem pior do que mais cedo. Quando procuro os nossos "heróis" , vejo que estão todos conversando debaixo de uma árvore, vendo o nosso sufoco, mas nada de tomarem a iniciativa de organizarem o trânsito na frente do Clube do Trabalhador. Sem comentários!
A jornalista Luziane Figueiredo, na semana que passou, comprou um CDROM em uma livraria. O CDROM pedia pra fazer um registo que tinha de ser feito pelo telefone. Luziane, que é minha conhecida pessoal, não conseguiu fazer o tal registro porque a atendente não sabia explicar. E o telefone pelo qual ela estava falando com a cliente (já muito estressada) era o que estava indicado na embalagem. Este último caso pra mostrar que a péssima prestação de serviços não é "privilégio" somente da nossa cidade.
Logo, Manaus e outras cidades sede da Copa que se cuidem! Que se preparem!  

sexta-feira, 28 de maio de 2010

VISTO PARA OS EUA: VOU PASSAR 10 ANOS SEM VOLTAR À BANCA DA DONA ELVIRA

Acordo do Brasil com o governo dos Estados Unidos da América aumentou para 10 anos o prazo de validade dos vistos, expedidos desde  sexta-feira (28/05). Para mim o que tem de maior avanço mesmo é saber que poderei passar 10 anos sem ter de voltar àquela embaixada dos EUA em Brasília, onde tirei o visto da minha filha. Pena que não peguei esta regalia porque fiz isso no início do mês. Mas para os que vão tirar o visto desde agora poderão ser livres da incômoda visita. É que tirar o visto para os EUA naquela embaixada lembra a fila do velho INPS, onde a multidão se aglomerava pra tira a ficha de atendimento médico.
Primeiro que o atendimento inicial é feito na calçada da embaixada, em frente da entrada principal, embaixo de uma cobertura de lona que não dá nem pra metade do número de pessoas que se alglomera a partir de 6h da manhã. O pessoal da segurança é até legalzinho, tentando ser educado, mas é complicado. O cenário ermo da área verde que permeia a frente da embaixada dá uma sensação de calma, aumentada pelo canto dos passarinhos. As pessoas começam a chegar em carrões, táxis, carros mais simples, acompanhadas ou sozinhas, bem vestidas, outras nem tanto. Algumas, como se fossem pra festa, outras como se viessem da festa. Vi até gente fardada. Mas todos têm de passar por uma atendente somente. Funcionária brasileira, terceirizada.
Quem está com os documentos em mãos, sem problema. Vai entrar rapidamente depois de uma revista. Os homens têm de fazer posição de cruz enquanto o guarda passa o detector de metais. As mulheres não têm de fazer o mesmo, passam direto. Mas a bolsa é aberta pra averiguação também. Mas um detalhe chama a atenção. Quem está com bolsa contendo algum tipo de aparelho eletroeletrônico e não tem com quem deixar acaba se valendo do jeitinho brasileiro em plena embaixada do velho e bom Tio Sam. Eu, por exemplo, estava com o notebook dentro da mochilha. Eis que, para minha admiração, o guarda com quem falei do problema, falou assim: "vá bem ali e procure a dona Elvira". Bem, então eu descubro que o setor de guarda-volumes  para cidadãos brasileiros que vão à embaixada dos EUA em Brasília fica na banquinha de café da manhã, sob os cuidados maternais da Dona Elvira, a proprietária e chapeira da banca. A módicos R$ 5,00, ela guarda a sua bolsa e ainda te dá uma fichinha numerada. Quando a gente olha, vê que o negócio é até rentável, diante da quantidade de bolsas deixadas. Como não há outra alternativa, o serviço de guarda da Dona Elvira acaba acima de qualquer suspeita.
Entrando no prédio, dentro do salão para expedição de vistos, uma visão perturbadora. A gente olha para a máquina de contagem de senhas e vê a numeração em 360, por exemplo, sendo que a sua senha é a 590. Um salão quente, dependendo da época do ano em Brasília, onde o teto está dotado de vários daqueles ventiladores de palhetas de madeira, dando a impressão que foram comprados todos na feira da torre, paraíso dos sacoleiros de produtos made in china na capital nacional. Expressão inequívoca da cafonisse yanque.
A espera não é menor do que duas horas. A angústia não é mais branda do que esperar o atendimento no posto de saúde lotado do bairro em dias de surto de virose em criança.
E quando chega a sua vez, que você entra naquele biombo para a entrevista via microfone, o funcionário gringo olha pra ti e começa a perguntar. Na hora, imagina-se que espécie de pergunta ele vai fazer. Por isso, aconselha-se a levar até a inscrição no grupo de escoteiros pra provar que você não é um simpatizante do Bin Ladem, ou mesmo um pretenso sucessor do General Noriega, Pablo Escobar, Al Capone ou sei lá qual mais inimigo da América. Se você estiver com documentos, com todas as respostas na ponta da língua, pelo menos dá uma certa segurança. Comenta-se que o visto é dado de acordo com o humor do funcionário, a sua cara, a sua conta bancária, o teor de desconfiança diante dos brasileiros naquele deteminado dia.
No final, a gente sai de lá com o visto liberado, esperando que o passaporte chegue no prazo certo. Ainda bem que 10 anos é um tempo bom mesmo. Será que, até lá, a dona Elvira vai ter melhorado a banquinha dela?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

AONDE VAI O FESTIVAL DE PARINTINS?

O festival folclórico de Parintins não é mais o mesmo. Desde que os bois assinaram contrato em 1999, mudando de rede de comunicação e concedendo os direitos de imagem de arena, leia-se de transmissão do evento, a queda de popularidade vem sendo vertiginosa e permanente. É fácil entender o porquê. Uma manifestação localizada, como é o festival dos parintinenses, só pode ser adotada pela massa se for levada à massificação por intermédio da mídia. Mas não fica só nisso. É preciso popularizar a manifestação ao nível de consumo doméstico. Quero dizer que, não falando em modismo, a manifestação tem de se tornar corriqueira, diária, independente de horário, classe social, local de venda, dial ou tipo de festa. O festival dos bois tinha de estar sendo "disputado" fora da arena, em forma de consumo popular cultural. Não basta transmitir a festa nos seus 3 dias, nem fazer uma cobertura pesada nos dias que antecedem, e também não adianta fazer um programa de tv em um horário apenas. A masssificação tem de passar pelas lojas de discos, a venderem os CDs escancaradamente, como produtos principais, e não nas prateleiras das promoções. Temos de buscar o ponto em que as todas de boi tomem lugar das músicas de forró que saem das aparelhagens gigantes dos automóveis que páriam nos calçadões das "pontas negras" das vida. Temos de ver mais as pessoas vestindo as camisas dos bois, os personagens sendo entrevistados, participando de promções e talks shows. Em suma, o festival tem de ser um produto divulgado em todos os ambientes, de maneira vertical e horizontal dentro da sociedade. Cadê as festas nos bairros com os bois? Cadê os programas em horário nobre? Cadê as rádios tocando toadas em toda a programação, não sendo apenas nos horários de programas pagos?
Não desmerecendo o esforço das redes de comunicação que tentaram fazer um bom trabalho, mas o resultado é real. Não se vê mais, não se curte mais, não se consome mais boibumbá com antigamente. E não é por falta de beleza, de consistência folclórica, de diversidade, de talento afinal. Mas ninguém vai atrás do que não se ouve falar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

ITAPIRANGA, MUITO MAIS DO QUE UMA PEDRA VERMELHA


No último fim de semana, dias 1º e 2 de Maio, mais de cinco mil pessoas viajaram para o município de  Itapiranga (300 Km de Manaus) para  a comemoração dos festejos da aparição de Nossa Senhora na cidade.As aparições da  santa, segundo a crença que se espalhou pela redondeza e extrapolou as divisas do município, começaram 16 anos atrás. O universitário Edson Glauber, hoje com 31, e sua mãe Maria do Carmo, foram os videntes escolhidos. O suposto fenômento passou a atrair milhares de visitantes tanto da capital,Manaus, como de outras cidades, inclusive fora do estado. Gente até da Itália já visitou Itapiranga que hoje virou terra de romarias.
Na manhã de domingo (2/05), foi lançada a pedra fundamental de um santuário em homenagem à nossa senhora.Uma procissão percorreu várias ruas até a frente da cidade que dá para o rio Uatumã. 
Mais do que a participação nas celebrações, alguns fiés que visitam a cidade fazem questão de relatar vários depoimentos de aparicões. Eles falam de chuvas de luzes no céu durante a noite, cheiro de rosas, desenhos da santa em arvóres no local do santuário. A professora  Loudes  Silva  relata que uma vez sonhou com santa lhe dizendo que esta rezando Avé Maria muito rápido,e que teria que rezar como se estivesse cantando. "Foi mágico'', disse a professora chorando.
O  local onde será constrúido o santuário não tem uma medida exata. É um grande campo para onde se tem acesso por um caminho no meio da floresta. Diversos pontos são marcados. É onde, segundo o vidente, a Santa teria parado. Nesses locais, há fontes de onde os fiés bebem água  e se dizem revigorados.

Itapiranga, que na língua tupi significa pedra vermelha, é um local de adoração e e tranquilade. A igreja católicia, oficialmente, não confirma o fenômeno. Mas para os fiéis já vale a paz que o lugar oferece. A pequena cidade situada na margem esquerda do rio Amazonas, entre os rios Uatumã e Urubu, ainda carece de serviços básicos da cidade grande. Mas segue com os seus moradores creditando na santa, Mãe de Deus, mesmo que ela apareça apenas para um simples mortal privilegiado. (Texto e fotos: Frank Cunha)

terça-feira, 27 de abril de 2010

SOBRE A PERDA DE UM BOM COMPANHEIRO NACIONALINO

( O meu dileto amigo, Luís Cláudio Chaves, dos tempos ainda de movimento estudantil da nossa Ufam, mandou este texto sobre a morte do nosso companheiro nacionalino, Raulino. Um nome que fez a torcida azul e branca vibrar com a rede estufada tantas vezes no nosso velho e bom Vivaldão. Em homenagem aos nacionalinos, pela memória do amigo que se foi, eis aqui o texto de Luís Cláudio)

Estamos numa quarta-feira à noite e 46 mil pessoas lotam o Vivaldão bem antes do apito inicial. Destas, setenta porcento compõem a imensa torcida do Nacional. Durante os dias que antecederam ao jogo, não se falou noutra coisa. Manaus respira este RIO-NAL decisivo cujo título nem dará acesso a qualquer outra competição - o Nacional já está na primeira divisão do futebol brasileiro por ser o Campeão do ano passado. Aliás, Tri-Campeão.

Vencer nosso adversário, conquistar o terceiro Tetra-Campeonato e de quebra o trigésimo terceiro título estadual de sua história e em cima do maior oponente é o que motiva a nação azulina. Não preciso nem dizer que nosso rival vai tentar impedir tudo isso. Eis os ingredientes que motivam, impulsionam e hipnotizam a multidão que faz o Vivaldão encolher se agigantando e despertando paixões.

Começa o jogo. O Naça, bem armado, toma as iniciativas, mas o Rio Negro é perigoso nos contra-ataques. Agora é o Naça novamente no ataque: Botelho sofre falta pela direita, na altura da intermediária. Para cobrá-la, Luiz Florêncio sai da lateral esquerda. Suspense: jogada ensaiada no "segundo pau", murica surpreende a zaga Rionegrina e cabeceia para o meio da área, nos pés de RAULINO que emenda de primeira no ângulo superior esquerdo do goleiro, na trave que dá para o centro de Manaus.

             É gol. É o gol do título do Nacional, Tetra-Campeão de 1986. O Vivaldão em êxtase, explode de alegria. Está escrito mais um grande momento na vida daqueles que amam o futebol e RAULINO eternizado nos corações e mentes do povo amazonense. Jamais vou me esquecer deste dia.

             Hoje é sábado e acabo de saber pelos jornais que RAULINO, ainda tão jovem, aos 55 anos, nos deixou. Sorte a dele em não ter mais que conviver com a imbecilização da nossa juventude que, sem memória, é levada a ignorar sua cultura, seus ídolos, sua história e a acreditar que no Amazonas não tem, nem nunca teve futebol.

              Valeu, Raul. Siga em paz.