A nossa Amazônia!

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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

COPA 2014: solução dos nossos problemas ou engano coletivo?

Muito se fala, muito se anuncia, muito se anuncia que vão anunciar, muito de tudo. Projetos, discussões, palestras e soluções em todos os prazos. Nunca um evento gerou tanta discussão como a realização da Copa de 2014 tendo Manaus como uma das sedes. E desde que a cidade foi anunciada como tal, todas as esferas envolvidas começaram a falar e falar muito. Mas nada, ou pouquíssima coisa, avançou na direção da concretização das mudanças tão unanimente aceitas como indispensáveis para a realização dos jogos na capital amazonense.
Dois dos 3 maiores jornais da cidade já publicaram reportagens especiais sobre este atraso, mas também mostrando os impasses que se seguiram diante, especialmente, da construção da Arena Amazônica, o novo estádio. Impactos ambientais, gasto desnecessário, necessidade real da obra, respeito e apreço ao velho estádio, o Vivaldão. Ministério Público também se meteu e a obra quase pára de vez.
A prefeitura de Manaus também anunciou um pacote de obras que, de modo ou outro, estão diretamente ligadas aos jogos da Copa. Infraestrutura, transporte, turismo, os assuntos são variados. Para muitos, quase todos, sempre tem alguém falando de soluções. Destaque para o projeto do BRT, dito como melhor meio para o transporte coletivo pra cidade, outro projeto que virou motivo de polêmica, uma vez que se cogitou derrubar até prédios do casario antigo para a construção do sistema viário exigido.
Mas aí é que mora o perigo de começarmos a mitificar a Copa do Mundo aqui em Manaus como solução para os nossos problemas. Alguém tem essa certeza? Que a desfaça, então. Porque a cidade não vai ter seus problemas solucionados. Transporte coletivo. Poluição. Trânsito. O morador da capital sabe o que passa em seu dia-a-dia. Problema é que nem todo mundo ajuda, ou porque não dizer a maioria, a deixar a cidade mais humana.
E quando fala-se em humanizar a cidade, está se falando de deixá-la mais limpa, menos suja em seus igarapés, com trânsito mais educadamente organizado, onde motoqueiros não seja os tresloucados personagens da cena cotidiana. Onde os igarapés não sejam depósitos de lixo. Onde as ruas sejam consideradas extensões das residências. Mas não para virarem locais de abusos das pessoas, mas para serem tratadas com mais respeito, como se fosse um corredor do nosso lar.
Não se iluda o morador. Quando chegar 2014, Manaus vai ter muito mais veículos, mais lixo nas águas, ou seja, menos educação doméstica, item essencial para certas atitudes saudáveis.
Falando em serviços, chegar a um nível de atendimento suficiente para marcar positivamente a memória do turista ainda é uma irrealidade. Um parto demorado, que muito parece não render bons frutos no prazo relativo.
Um simples domingo de muito sol e calor é suficiente para mostrar que a cidade não tem sequer pontos em número adequado que vá suportar a avalanche de turistas à vidos por um banho refrescante em qualquer braço de rio, igarapé ou mesmo piscina.
Fica o alerta para que não caiamos em tentação e ficarmos com os pés muito bem ficandos no chão. Sem alardes, mas também sérios em acompanhar o desenrolar do projeto Copa 2014 em toda a cidade, em todos os níveis da sociedade. Todos têm de dar sua contribuição. Caso contrário, continuaremos viajando na maionese, de maneira coletiva.

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