A nossa Amazônia!

A nossa Amazônia!
Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Quando tudo parece estar perfeito

Um bom vinho e uma boa combinação de antepastos levemente picantes, com azeitonas pretas italianas. Um início perfeito de uma noite perfeita. Aí, vc bota Deam Martin, ou Sinatra, ou Cesaria Evora na vitrola... o BG ideal pra cenas perfeitas...

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Jornalismo, a mesma coisa

Pautas que se repetem em determinadas épocas do ano são mais que comuns nas redações. Chega carnaval, a mesma coisa com festas juninas, idem no natal. Mas tem pautas que se repetem nos espelhos de pauta independentes de época. Aí, é um fato diretamente proporcional à capacidade de pesquisar novos assuntos e, por que não dizer, novas abordagens sobre assuntos batidos. Quando não acontece nenhum dos dois, a gente vê o jornalista ir pra frente da camera e puxar o assunto como se fosse novo e, pra completar, fazer perguntas a um especialista como se eles mesmos não soubessem nada disso. Tá certo! Há os que defendem o lado de que nunca é demais avisar ou ensinar, mas há também a necessidade de sairmos da mesmice. Esse é o desafio: inovar, seja em qualquer área da atividade profissional. O jornalismo não se vê livre disso. O desafio é diário. A audiência, também.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sempre vale a pena

Estar rodeado de pessoas compromissadas com os bons resultados coletivos dá força para qualquer jornada de trabalho. Hoje foi um dia tenso, de momentos sem gosto, mas sobrevivemos todos...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Poesia atrasada para quem já foi



Quando foi que te olhei?
Quando foi que te perdi?
Quanto foi que te procurei?
Onde te achei?
No final da noite é que o orvalho molha a planta. Mas também é no final da noite que a boca fica seca...pelo tempo que passei sem te beijar...
É agora que ouço os grilos, buscando sonhos, do tamanho de um grilo...mas sonhos são sonhos.. se forem sonhos de amor são muito mais viagens...por mundos estranhos...por mundos escassos...por mundos famintos...com sede de teus olhos...com fome de teus lábios... com necessidade de ter sua presença em minha mente... ter sua mão em minha mão...seu suspiro em meu ouvido...seu gosto em minha boca...seu cheiro em minha carne...
Quando foi que te achei?
Como foi que te falei?
Como foi que beijei?
Onde te prendi?
É manhã do dia renovado...Mas o sol é de hoje e de ontem... e o bom é que ele não vai se esquecer do que viu... Vai ser cúmplice do que sentiu...Vai ser parceiro de nós dois!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dupla dinâmica...

Pai e filha...totalmente protegido....

O filho da "lenda" volta à Amazônia. Pra que?

Recebi este release convidando minha equipe para cobrir o evento. Antes do comentário, veja o que se trata:


"Na próxima terça-feira dia 15 de outubro, acontecerá um encontro histórico entre Jean-Michel Cousteau, filho do legendário explorador Jacques Cousteau, e o Dr. Francisco Ritta Bernardino, pioneiro do ecoturismo no Amazonas e proprietário do Hotel Ariaú Amazon Towers.

Os dois embarcarão para um almoço no Ariau Açu, barco que foi utilizado na expedição de Jean-Michel Michel em “Retorno à Amazônia”. O percurso será realizado no Rio Negro e os jornalistas presentes terão a oportunidade de entrevistá-los e cobrir a navegação. José Truda Palazzo líder ambientalista de reconhecimento internacional que traduziu o livro “Retorno à Amazônia” para o português estará presente e disponível para tradução.

A embarcação faz um registro para comemorar a chegada da Exposição “Retorno à Amazônia” no Centro Cultural Palácio Rio Negro e o lançamento do Livro de mesmo nome. Trata-se de uma expedição que teve início com o lendário Jacques Cousteau, o Rei dos Mares, em 1982, e percorreu toda a extensão de 6.800 quilômetros da Amazônia. A mostra é uma realização da Editora Cultura Sub e da Ocean Futures Society.

Há 30 anos, Jacques Cousteau, seu filho Jean Michel Cousteau e uma equipe de mais de 50 pessoas, faziam a primeira expedição na Amazônia como nunca havia sido explorada: por terra, água e ar. Vinte e cinco anos depois, seu herdeiro revisitou a grande floresta com os seus filhos e grande parte da equipe que fez a expedição em 1982, com um novo objetivo: em 25 anos, o que mudou na floresta? Essa e outras respostas estarão ilustradas nessa magnífica exposição, onde cada detalhe será desvendado em 30 telas ilustradas com as imagens feitas pela fotógrafa Carrie Vonderhaar e um painel informativo assinado por Jean Michel Cousteau curador da exposição.

Jean Michel Cousteau é Presidente da Ocean Futures Society, navegou durante décadas ao lado do seu pai e viaja ao redor do mundo se reunindo com líderes e formadores de opinião a fim de apoiar o fortalecimento e alianças pela proteção ambiental. Produziu mais de 75 filmes, ganhou vários prêmios, entre eles: Emmy, Peabody, 7 d’Or e CableACE." . O material foi enviado pela empresa Advice Comunicação Corporativa.

Comentando: Não serei o jornalista que cobrirá o assunto, já que vamos enviar equipe. Um dos ossos do ofício da minha atual função é ter de ficar num gabinete resolvendo mais problemas administrativos do que propriamente jornalísticos. Mas passei à repórter algumas provocações. Uma delas é saber o que mudou na visão do ecologista, filho do, segundo o próprio release, "legendário" Jacques Costeau, que desvendou a Amazônia em filmagens até então nunca produzidas. Filmou, por exemplo, o mitológico boto cor-de-rosa, o leito do rio Amazonas em pleno encontro das águas, e flagrou cenas amazônicas vistas pelo mundo todo na forma de documentários com a marca da National Geografic. Muita gente tem perguntado sobre "o que mudou na Amazônia" depois dos 30 anos. Acho que importa mais a resposta à primeira pergunta. Pois quem ganhou mais dinheiro com as produções da família Costeau foi o próprio patriarca expedicionário, sua prole e sua equipe. E não a Amazônia.
 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Enquanto isso, na redação...em plena tarde de domingo...


Como de costume, o repórter chega à redação para mais um plantão de domingo. Geralmente, só toma conhecimento da pauta quando pega o documento impresso, minutos antes de sair pra externa. Aí, ele descobre a inédita pauta: "vamos fazer uma reportagem sobre a movimentação da ponta negra e do largo de são sebastião nesta noite de domingo"... mesmo com a imensa vontade de cometer um harakiri-baiano, o nosso herói ainda tem de ler lembretes da produção que tem mais cara de sarro da cara do que sugestão de roteiro. Tipo: vamos pegar imagens de crianças, personagens simpáticos, famílias passeando... etc etc etc... daí que o repórter vai e consegue parir uma matéria... com sonorinhas simpáticas... imagens bem feitinhas e até sobe som... um bolo de confeitaria perfeito... pelo menos fez valer o gasto de gasolina, de tempo de uso de equipamento, de tempo de mão de obra do profissional... meu sentimento é de solidariedade e respeito ao intrépido salva-pautas... eu ainda me assusto quando vejo essas coisas... talvez fizesse a mesma coisa, ou nem tão bem quanto... só talvez...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Caprichoso lota Curral mesmo com a derrota*

(*Depois da apuração, minha última missão na Ilha. Cobrir a festa do vice campeonato do Caprichoso. Matéria saiu no Portal D24, mas com texto editado. Por isso, um pouco diferente do que está publicado)

Assim que o resultado do festival de Parintins foi confirmado, dando a vitória ao Garantido, torcedores do boi Caprichoso rumaram para o curral Zeca Xibelão e lotaram suas dependências festejando o que eles chamaram de “campeonato moral”. “Nós somos o verdadeiro boi do centenário e toda a Parintins sabe disso”, disse a rainha do folclore do Caprichoso, Brena Dianná.
A festa do vice campeonato mais parecia um dos ensaios, realizados em Manaus e Parintins, que antecedem ao festival, com banda, bailarinos e o curral lotado. Gente jovem, crianças e até gente idosa, como a aposentada Francisca Pires (85), componente da Marujada de Guerra há 45 anos, segunda conta. Sentada e apenas obersvando a juventude, dona Francisca estava alegre. “Quando se é uma coisa, tanto faz perder ou ganhar, a paixão continua a mesma”, diz dona Francisca. Alegre e simpática, a antiga marujeira diz que não ficou triste pelo resultado, por isso estava ali comemorando.
No meio dos desabafos, a opinião experiente da vice-presidente do Boi Caprichoso, Socorro Carvalho, disse que é preciso mudar alguns itens no regulamento do festival. “Tem de rediscutir a forma de escolha de jurados. Tem de escolher gente de renome nacional. Hoje a pessoa dá a nota que quer e vai embora. Se fosse gente de renome nacional, ele não se atreveria em dar uma nota esdruxula”, disse Socorro.
O comandante da Marujada, Baleinha, reclamava. “O contrário ganhou, mas não sei como. Mas agora vai ter eleição do boi e agora, bola pra frente.  Infelizmente, fomos derrotados, mas não de maneira justa. Mas vamos pensar agora no próximo ano”, concluiu.
Até o início da noite, a festa no Zeca Xibelão correu sem problemas. Mas um fato chamou atenção, como que fizesse parte o próprio folclore. Uma mulher apareceu na frente do curral azulado vestida com uma blusa e um chapéu vermelhos. A torcedora encarnada foi devidamente enxotada do lugar na base do xingamento e do banho de cerveja.
E curtindo do jeito dela, de maneira serena, vestida com uma portentosa camisa azul e branca, dona Maria Dercy (78) diz para a reportagem, com orgulho, que é Caprichoso “desde o aparecimento dele (do boi Caprihoso”.  E completa com a simplicidade do caboclo sobre essa "tristeza" de perder o festival. “Para o ano ele (Caprichoso) vai ganhar, se Deus quiser. Caprichoso perdeu, mas foi bem pouquinho”, decretou a velha torcedora.
Curral Zeca Xibelão lotou, mesmo com a derrota


Dona Maria Dercy (78): "perdeu, mas foi pouquinho"

terça-feira, 25 de junho de 2013

Bumbódromo novo define festival de adaptações e aprendizado

As mudanças estruturais no bumbódromo de Parintins não são visíveis apenas para o público leigo. Técnicos responsáveis pelas apresentações de Caprichoso e Garantido tiveram de replanejar seus desenhos, o que está gerando expectativa e preocupação.
Tanto na montagem das alegorias quanto na geração e captação de som, o ânimo nas duas agremiações oscila entre a empolgação pela suntuosidade da estrutura nova e a incerteza de que tudo vai sair tecnicamente perfeito.
“Esse ano vamos ter que nos adaptar. Eu acho que é uma coisa natural”, avalia Juarez Lima, um dos principais artistas do boi Caprichoso, que estava na arena verificando detalhes da sua apresentação. Ele se referia à mudança de limites das medidas das alegorias que cada boi terá de montar da arena. Ainda no mês de março, as duas agremiações acordaram em diminuir as dimensões das alegorias por conta da superestrutura metálica que foi montada. Cada alegoria diminuiu em dez metros o tamanho de sua frente. O limite caiu de 40 metros para 30 metros. Altura e dimensão de fundo das alegorias também diminuíram.
O coordenador da comissão de artes do Garantido, Fred Góes, também demonstrou sua preocupação. “Nós só vamos poder falar quando a gente ouvir o som com a banda aqui (no bumbódromo). Pelo menos, pelo investimento, a pretensão é que saia o melhor som  possível”, declarou, lembrando que a avaliação final será dada somente depois dos ensaios técnicos e a passagem de som, dentro da arena.
A preocupação dos artistas dos bumbás não é para menos. A estrutura metálica montada se resume em 450 toneladas de ferro e aço, num arco de 130 metros de envergadura e um formato de chifre – olhando de cima, claro. O homem que projetou o colosso metálico é considerado o “maior iluminador do Brasil”, apesar de ter nascido na Alemanha.
Fugido dos horrores da segunda guerra, Peter Gasper, 73, chegou ao Brasil ainda menino, com onze anos de idade. A família Gasper  foi morar no Rio Grande do Sul, mas Peter foi para o Rio de Janeiro estudar arquitetura onde se especializou em cenografia. Voltou à Alemanha para estudar iluminação cênica e, no decorrer da carreira, ganhou fama ao realizar os projetos de iluminação de eventos como o show de Frank Sinatra no Maracanã, a missa do papa João Paulo II no Aterro do Flamengo, o Rock’n’Rio I e de locais conhecidos como o sambódromo do Rio de Janeiro e as estruturas de Oscar Niemeyer em Brasília.
No meio da arena do bumbódromo de Parintins, com simpatia admirável, Peter Gasper declara: “já sou freguês daqui do Amazonas e de Parintins”. Sobre a estrutura metálica, Gasper diz que os bois vão ter de aprender a usar cada vez mais. “É um upgrade que os bois ganharam. Os bois sempre tiveram o talento de fazer um bom espetáculo de luz, mas não tinham a estrutura certa”, avalia o cenógrafo.
Em termos de quantidade, Peter diz que os números podem ser irrelevantes. “Nós podemos usar mil lâmpadas, ou cinco mil refletores, mas isso seria apenas para encher texto. O que importa aqui é a qualidade”, completa. No meio da equipe, falando em inglês com vários técnicos da sua equipe, Gasper diz que a estrutura montada no bumbódromo não tem igual no Mundo. O acesso dos técnicos e equipamentos, o espaço disponível e a facilidade de passagem do pessoal são características que fariam os maiores especialistas de iluminação do Mundo ficar admirado, garante Gasper.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Rindo para uma parede...

E aí, Cabocadaaaaaa! Espia...

Esta foto é de uma parede do palco do antigo curral do Garantido, em Parintins. É a imagem do mestre Lindolfo, já idoso e de quando era jovem.
Eu vi a imagem de uma parede... A parede da voz potente, que todos diziam que ele tinha.
A parede da persistência, em manter sua brincadeira de rua, apesar das dificuldade, que imagino já existirem naquele tempo.
Uma imagem em uma parede...a parede do amor do boi branco...inexpugnável proteção contra as investidas do contrário que, naquele tempo, acabavam em "purrada" mesmo, maninho...
Uma imagem na parede... na parede da memória, que ela mesma simboliza, pela quantidade de grandes momentos do boi que presenciou...
Uma imagem da parede, que nem precisou de luz artificial para que a foto ficasse visível... será que por ter luz própria aquela imagem? será que por ter sido fotograda com o coração...e que o coração não precise de recursos para ver tudo desanuviado...motivo simples para amar um boizinho branco, é...justamente aquele que só tem um coração na testa...
Uma imagem na parede... nada se mechia, mas tudo parecia bailar... dois para um lado, dois passos para o outro lado... ao som das modinhas antigas que estavam sendo entoadas por velhos cantadores da baixa...
Não, eu não estava bêbado... estava apenas admirando uma parede..
Literalmente, estava "rindo para a parede", feito leso...
Não, eu não estava bêbado...
Estava tão somente...
Feliz...

terça-feira, 21 de maio de 2013

Como se brinca na Baixa?


CABOCADAAAAAAA!

São quase seis horas... hora de fechar a casa pra carapanã não entrar..
É hora de tomar a bença dos mais velhos dos velhos...
E lembrar de páginas escritas no próprio livro da vida...

Foi numa noite quente de junho,
Eu vi o sorriso nos rostos dos curumins e cunhantãs da baixa...
Eu vi um caboco fazer a alegria de criançada, mesmo sem a cara pintada,
mas como se fosse um grande palhaço em seu picadeiro rubro...
Fábrica de sonhos... que não era Wonka, não era famoso, era sim um anônimo artista... mais um nascido por essas plagas mágicas...terra de parintintin...

Ele pegou um boizinho de pano e saiu dançando ao som de velhas toadas...
E a meninada foi atrás... numa cena impagável...daquelas que a gente só vê
nas ruelas, nos quintais, nos terreiros da 'banda da xanda'...
E a roda ficou animada...o boizinho, que é todo branco e só na testa tem vermelho, se tornara GIGANTE...o centro da roda...
Eu vi o sorriso nos rostos dos brincantes mais jitinhos...

Uma cena impagável...

E olha que eu não estava em cadeira especial, nem em camarote vip..
Estava bem pertinho mesmo... no meio do chão...
Para mim este ´o festival essencial... o resto é bumbódromo paridor de itens...
Para mim "é aqui que se brinca de boi, é assim que se brinca de boi"
 

terça-feira, 12 de março de 2013

Descobertas...

Quando se fala que a vida é uma sequëncia de descobertas, é a pura verdade. A gente fica apenas torcendo para que não seja muito tarde. Daí que, ultimamente, descobri que as pequenas atitudes devem ser consideradas como importantes. Para a pessoa que está próxima, algo ínfimo pra vc pode ser um grande gesto pra outra pessoa. Portanto, meu caro, minha cara...tente descobrir...se não descobrir, pergunte mesmo...na lata! Senão, pode se arrepender depois.

O menino do rio Madeira

Quando tem madeira flutuando na beira, o silêncio do rio é quebrado pelo constante abalroamento das toras flutuantes entre si e com a margem. O velho banheiro flutuante, um comodo coberto com folhas de zinco, contendo apenas um buraco no meio dele, onde o caboco "obra" de cócoras, era o ponto de apoio da brincadeira. Jaconia (sim, é o nome dele mesmo) brincava com uma pedaço de linha comprida, com um anzol desdentado na ponta, isca de pão molhado com saliva feito uma bola, e a brincadeira seguia. Aos 9 anos de idade, Jaconia jogava a linha pacientemente. De longe, em cima de um barranco, fiquei por alguns minutos observando a cena. Mais comtemplando do que observando. De súbito, fiquei pensando como que aquele menino, plena era do Ipad, Face, e outras guloseimas tecnológicas da alma, conseguia se divertir. Desci, me aproximei, perguntei, depois de me sentir mais próximo e com ele mais solto diante da visita.

- Jaconia, entre assistir televisão e pescar, o que você prefere?
(segundos de suposta reflexão)
- Pescar!
(simples e exato como se fosse um papagaio cortando o outro no talo)

Me despedi e fui embora. Nunca mais vi aquele menino, porque nunca mais voltei àquele lugar. Margem do rio Madeira, entre Humaitá e Manicoré. Ganhei o dia, naquele dia.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mensalão tucano começa a incomodar o PSDB

Deputado Eduardo Azeredo
Por Eduardo Bresciani (Agência Estado)
Brasília, 06 (AE) - As condenações em série de petistas no processo do mensalão ampliaram o constrangimento dentro do PSDB e da oposição com a situação de Eduardo Azeredo, deputado que é a principal estrela do escândalo homônimo de Minas Gerais.

Azeredo é réu no Supremo Tribunal Federal por peculato e lavagem de dinheiro e vive a expectativa de ser julgado ainda em 2013. Ele sustenta que o caso não passou de um "problema de prestação de contas" da sua campanha para o governo mineiro em 1998, mas para tucanos o "fardo" persistirá até que o julgamento seja realizado. Somente após isso é que alguma medida contra o deputado deverá ser tomada.

O mensalão mineiro, ou mensalão tucano, surgiu durante a CPI dos Correios, em 2005. Na época da revelação, Azeredo era presidente nacional do PSDB. Apesar de ter acontecido quatro anos antes do esquema julgado pelo Supremo no ano passado, o caso que envolve o deputado tucano começou depois no Judiciário. Somente em 2009 a denúncia foi recebida.

O processo está sem relator desde que Joaquim Barbosa assumiu a presidência da Corte. O caso irá para as mãos de um novo ministro que a presidente Dilma Rousseff ainda indicará para substituir Carlos Ayres Britto, aposentado em novembro de 2012. A fase atual é de instrução, com a tomada de depoimentos e coleta de provas.

Parlamentares oposicionistas admitem nos bastidores que a permanência de Azeredo tem impedido que o PSDB faça um discurso ainda mais forte sobre as condenações petistas. Aliados de oposição, políticos do DEM ressaltam que a postura dos tucanos no caso foi diferente da tomada por eles quando surgiu o mensalão do DEM, no governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal, em 2009.

O partido forçou a saída da legenda de Arruda e seu vice, Paulo Octávio. Na visão deles, a decisão foi acertada e deveria ter sido tomada pelo PSDB em relação a Azeredo.

Esperança

Entre os tucanos há uma esperança da absolvição. O principal argumento é de que não cabia a Azeredo cuidar das contas da própria campanha. Um dos caciques chegou a usar a palavra "ingenuidade" a se referir ao envolvimento do tucano com o escândalo.

Ex-governador de Minas, o tucano é um incômodo ainda maior para os tucanos por ser conterrâneo do senador Aécio Neves, postulante tucano à Presidência da República. Em 1998, Aécio foi eleito deputado federal apoiando a campanha de Azeredo, alvo da denúncia. O agora senador tem defendido o julgamento e já deu declarações tentando diferenciar o escândalo de Minas do que ocorreu no governo Lula.

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), nega que haja semelhança de atuação dos tucanos com a postura de defesa adotada pelo PT em relação aos condenados no mensalão. "O PSDB, diferente do que o PT fez, não vai procurar ministro para postergar o julgamento, vai respeitar a Corte e respeitar o resultado", diz. Ele diz acreditar na inocência do colega. Azeredo afirma que o apelido "mensalão" é injusto com o caso do qual é o nome mais estrelado. "Não houve mensalão em Minas Gerais. Mensalão é uma expressão para pagamento a parlamentares por votos e isso não aconteceu", disse ao Estado.

A tese de "caixa dois", porém, ficou enfraquecida depois que o STF ressaltou que o destino do dinheiro não é capaz de anular crimes cometidos anteriormente. O deputado afirma não haver provas de qualquer crime cometido e ressalta não ter sido o responsável pela prestação de contas de sua candidatura. Culpa o então vice, o hoje senador Clésio Andrade (PMDB-MG), pela contribuição a sua campanha do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a mais de 40 anos de prisão pelo mensalão petista.

Clésio também responde a processo no STF. Sua assessoria afirma que ele foi sócio de Valério por um curto período e que Clésio não comandou a campanha que teve Azeredo como cabeça de chapa.

Sem apreensão

Azeredo ignora descontentamentos em seu partido com a sua permanência na sigla e acredita que os colegas concordam na diferença entre o seu caso e o dos petistas condenados. "O PSDB tem consciência de que são coisas absolutamente diferentes do que aconteceu com o PT. Não tenho nenhuma apreensão", afirma.