A nossa Amazônia!

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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

terça-feira, 16 de julho de 2013

Enquanto isso, na redação...em plena tarde de domingo...


Como de costume, o repórter chega à redação para mais um plantão de domingo. Geralmente, só toma conhecimento da pauta quando pega o documento impresso, minutos antes de sair pra externa. Aí, ele descobre a inédita pauta: "vamos fazer uma reportagem sobre a movimentação da ponta negra e do largo de são sebastião nesta noite de domingo"... mesmo com a imensa vontade de cometer um harakiri-baiano, o nosso herói ainda tem de ler lembretes da produção que tem mais cara de sarro da cara do que sugestão de roteiro. Tipo: vamos pegar imagens de crianças, personagens simpáticos, famílias passeando... etc etc etc... daí que o repórter vai e consegue parir uma matéria... com sonorinhas simpáticas... imagens bem feitinhas e até sobe som... um bolo de confeitaria perfeito... pelo menos fez valer o gasto de gasolina, de tempo de uso de equipamento, de tempo de mão de obra do profissional... meu sentimento é de solidariedade e respeito ao intrépido salva-pautas... eu ainda me assusto quando vejo essas coisas... talvez fizesse a mesma coisa, ou nem tão bem quanto... só talvez...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Caprichoso lota Curral mesmo com a derrota*

(*Depois da apuração, minha última missão na Ilha. Cobrir a festa do vice campeonato do Caprichoso. Matéria saiu no Portal D24, mas com texto editado. Por isso, um pouco diferente do que está publicado)

Assim que o resultado do festival de Parintins foi confirmado, dando a vitória ao Garantido, torcedores do boi Caprichoso rumaram para o curral Zeca Xibelão e lotaram suas dependências festejando o que eles chamaram de “campeonato moral”. “Nós somos o verdadeiro boi do centenário e toda a Parintins sabe disso”, disse a rainha do folclore do Caprichoso, Brena Dianná.
A festa do vice campeonato mais parecia um dos ensaios, realizados em Manaus e Parintins, que antecedem ao festival, com banda, bailarinos e o curral lotado. Gente jovem, crianças e até gente idosa, como a aposentada Francisca Pires (85), componente da Marujada de Guerra há 45 anos, segunda conta. Sentada e apenas obersvando a juventude, dona Francisca estava alegre. “Quando se é uma coisa, tanto faz perder ou ganhar, a paixão continua a mesma”, diz dona Francisca. Alegre e simpática, a antiga marujeira diz que não ficou triste pelo resultado, por isso estava ali comemorando.
No meio dos desabafos, a opinião experiente da vice-presidente do Boi Caprichoso, Socorro Carvalho, disse que é preciso mudar alguns itens no regulamento do festival. “Tem de rediscutir a forma de escolha de jurados. Tem de escolher gente de renome nacional. Hoje a pessoa dá a nota que quer e vai embora. Se fosse gente de renome nacional, ele não se atreveria em dar uma nota esdruxula”, disse Socorro.
O comandante da Marujada, Baleinha, reclamava. “O contrário ganhou, mas não sei como. Mas agora vai ter eleição do boi e agora, bola pra frente.  Infelizmente, fomos derrotados, mas não de maneira justa. Mas vamos pensar agora no próximo ano”, concluiu.
Até o início da noite, a festa no Zeca Xibelão correu sem problemas. Mas um fato chamou atenção, como que fizesse parte o próprio folclore. Uma mulher apareceu na frente do curral azulado vestida com uma blusa e um chapéu vermelhos. A torcedora encarnada foi devidamente enxotada do lugar na base do xingamento e do banho de cerveja.
E curtindo do jeito dela, de maneira serena, vestida com uma portentosa camisa azul e branca, dona Maria Dercy (78) diz para a reportagem, com orgulho, que é Caprichoso “desde o aparecimento dele (do boi Caprihoso”.  E completa com a simplicidade do caboclo sobre essa "tristeza" de perder o festival. “Para o ano ele (Caprichoso) vai ganhar, se Deus quiser. Caprichoso perdeu, mas foi bem pouquinho”, decretou a velha torcedora.
Curral Zeca Xibelão lotou, mesmo com a derrota


Dona Maria Dercy (78): "perdeu, mas foi pouquinho"