A nossa Amazônia!

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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

quinta-feira, 3 de junho de 2010

ELEMENTOS AMAZÔNICOS INSPIRAM ESTILISTAS AMAZONENSES E CHAMAM ATENÇÃO DE EMPRESÁRIOS SULISTAS

O que tem em comum o couro do peixe da Amazônia, a vida ribeirinha, sementes e cipós da floresta com a moda do dia-a-dia? Foi o que 21 estilistas amazonenses tentaram mostrar na Ambiental Fashion II, desfile realizado por um grande shopping de Manaus (AM) como parte da programação da Semana Estadual do Meio Ambiente. As mais de cem peças apresentadas evidenciaram os elementos da natureza amazônica como resultado de um treinamento que todos os artistas tiveram com instrutores convidados, como por exemplo o reconhecido estilista Waldemar Iódice, dono da grife que leva o mesmo nome. “É um início real de fortificar o trabalho dos estilistas amazonenses que começam a encontrar dentro da matéria prima da região uma moda que você possa usar no dia-a-dia”, definiu Fernando Salignac, um dos produtores do desfile.
E apesar do tema amazônico, os toques pessoais de cada artista podia ser muito bem diferenciado entre as peças. Fosse nos fios de tucum (palmeira amazônica) das roupas desenhadas pela estilista Thaty Wenza, fosse pelos traços indígenas do grafismo étnico de Rosany Oliveira, ou mesmo pelos detalhes das sementes e pedras unidas em formas de crochê aos tecidos de tom que lembram a natureza, em especial do verde em diversas tonalidades. Uma arara vermelha se definia no vestido de algodão tingido de vermelho, azul e amarelo. O tempo chuvoso foi lembrado, bem como a vida do caboclo ribeirinho na margem dos rios e lagos. Os animais serviram não apenas de inspiração, mas também de matéria prima de destaque nas peças da coleção apresentada. Em diversas peças, o couro de peixes da Amazônia figurou de alguma maneira. E para não ficar somente na mostra, a secretaria de desenvolvimento sustentável do Amazonas (SDS), também realizadora do evento, fez contatos e conseguiu firmar uma boa parceria no setor envolvido. A empresa Péltica, indústria de couros especiais sediada em Estância Velha (RS) vai levar dez estilistas que mais se destacaram na mostra para um treinamento específico do trato do couro de peixe voltado para peças como sapatos, bolsas e  acessórios. Os diretores da empresa foram a Manaus e conversaram também com alguns frigoríficos que industrializam peixes de couro na região. O resultado foi um acordo para o envio de cinco toneladas de couro de peixe de pelo menos dez espécies para uma primeira experiência de comercialização entre os dois estados. “Nós chegamos á conclusão de que há um grande potencial comercial a extração das peles de peixe nos frigoríficos do Amazonas. São peles que são descartadas hoje e que nós podemos transformar em artigos de luxo para serem utilizadas no mundo da moda”, afirmou Alexandre Frassom, um dos diretores da empresa. O acordo também prevê o treinamento de trabalhadores dos frigoríficos locais que vão aprender a retirar de maneira correta o couro do peixe sem danificá-lo.
Entre os estilistas, o otimismo gera a expectativa de que a moda produzida com os elementos da floresta possam render bons negócios . “Nada melhor do que estilistas amazonenses  pra levar o nome da Amazônia para fora e não outras pessoas de lá virem buscar nossos materiais e levar. Essa coleção tem o objetivo de valorizar tudo o que é daqui, tanto estilista, tanto que é matéria-prima”, disse a estilista Tamires Pezzi que usa em suas peças pedaços de couro de pescada, uma das espécies mais consumidas na região.
E como não poderia ficar de fora, o sentimento de sustentabilidade incluiu também na criação das peças objetos reciclados. Criações muito bem simbolizadas pelo vestido feito de latinhas recortadas assinado pela dupla Ana Paula e Kaline, estilistas que fazem parte de um laboratório  de moda mantido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e uma universidade particular. A coleção apresentada pelas duas foi batizada de Moda Brechó, que tem o objetivo de minimizar os impactos causados pelo descarte de produtos industrializados no meio ambiente.
“Nosso maior desafio agora é este. Fazer que esta atividade possa gerar renda e mostrar que o meio ambiente também possa se transformar em moda. E mostrar que a sustentabilidade está em todos os segmentos”, concluiu Nádia Ferreira, secretária da SDS.

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