A nossa Amazônia!

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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

segunda-feira, 12 de julho de 2010

UMA OPINIÃO SOBRE O VIVALDÃO DAS NOSSAS BOAS LEMBRANÇAS E O FUTEBOL DAS NOSSAS ESPERANÇAS

(Luís Cláudio Chaves, hoje juiz de direito da comarca de Manacapuru, já foi menino que, levado e incentivado pelo pai, passava tardes de domingo vendo jogos no estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, torcendo para o nosso querido Nacional Futebol CLube. Contemporâneo meu da Universidade Federal do Amazonas, ele foi companheiro de movimento estudantil pelo curso de direito enquanto eu, pelo de jornalismo. Hoje, compartilhamos muito das idéias sobre o futebol amazonense. Eu, que também cresci indo ao Vivaldão, da mesma forma incentivado pelo meu pai, abro espaço para reproduzir aqui, com a devida permissão concedida, o seu artigo, intitulado "Rever conceitos é preciso", postado no site da rádio CBN/Manaus. O dileto magistrado, a quem costumo chamar de companheiro, é também um bom amigo. São essas as suas palavras...)


REVER CONCEITOS É PRECISO


Mesmo prevendo o porvir: licitações, aditivos etc; e mesmo achando que se poderia construir a nova arena em outro lugar, para não se destruir o palco de tantos sonhos e emoções, tinha a esperança que, enfim, teríamos uma política para o esporte e, especificamente, ao nosso futebol. Afinal, não fazia sentido, como não faz, gastar R$ 500 milhões na construção de um estádio e outros tantos na demolição do Vivaldo Lima, sem que se tivesse um projeto para fortalecer o futebol local, única forma racional de povoar a nova construção, conferindo-lhe utilidade pós-Copa.

Dizem que no amazonas não tem futebol. Não é verdade. Nacional e Rio Negro, em 2013, no ano da Copa das Confederações, que tanto almejamos sediar, completarão 100 anos. Não se pode contar a história de Manaus, e deste Estado, sem mencionar estes e outros clubes da nossa terra. Futebol não tinha o Japão, nem os Estados Unidos, alguns anos antes de sediarem suas Copas, até porque esse esporte nem estava entre os preferidos de seus povos. O que fizeram? Criaram os meios, atraíram investimentos e, hoje, tanto a liga japonesa, quanto a norte-americana são realidade. O futebol só cresce nesses países e o reflexo nas campanhas de suas seleções é insofismável. É só observar seus resultados na Copa da África e compará-los com as edições anteriores. Aliás, não dá, porque eles nem passavam das Eliminatórias.

E aqui no Amazonas estamos dispostos a provar que eles estão errados. Nós é que sabemos das coisas. Criticam os gastos porque nosso futebol está em crise? Por que não teremos destinação para a nova obra? Então, para justificá-los - os gastos - dizemos: a arena será multiuso, não precisamos ter futebol. Que venha a Madonna!!! Mas quantas Madonnas assistiremos por ano?

É, os alemães estão errados também. Lá onde eles construíram as arenas, de onde a nossa será trazida, o futebol é o responsável pela sua utilização. Precisa-se de uns 40 eventos por ano, com média de público entre 10 mil a 15 mil pessoas, para que não dêem prejuízo.

Em 1986, último ano do Nacional na primeira divisão, embora a população de Manaus fosse menos da metade do que é hoje, o Mais Querido não jogava para menos de 15 mil pessoas. Houve campeonato Brasileiro da primeira divisão em que nos classificamos por termos maiores rendas.

Quando da criação do programa Eu Quero a Nota, do Governo do Estado, em 1999, nossos estádios viviam cheios. O futebol atraia mais público que o boi e o cinema juntos. O resultado disso, foi o acesso do São Raimundo à série B, onde ficou até 2006. Não menos que 10 mil espectadores estavam sempre no Vivaldão assistindo aos seus jogos. E olha que não era nem o Naça. E não era Série A.

Vejamos o exemplo da Espanha: antes de sediar as Olimpíadas de Barcelona - 92, desenvolveu políticas esportivas que dão fruto até hoje; e nos mais diversos esportes, atletismo, ciclismo, futebol, basquete,tênis; só para citar alguns. Então, o caminho natural e lógico é fazermos algo parecido, criando as condições para termos um time na série A e outro na série B do Campeonato Brasileiro; e com isso reafirmar nossa identidade, elevando a autoestima do povo para que volte a acreditar que o Amazonas também é capaz de produzir cultura, e não só de trazer as coisas prontas pra cá. Rever conceitos é preciso. Ainda há tempo.

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