A nossa Amazônia!

A nossa Amazônia!
Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cidadania pode ser mais uma disciplina, que nem Matemática?

1976, Colégio Batista de Parintins
O mestre Paulo Freire Freire, em sua obra "Educação e Mudança" (1979), afirma que a educação passa por um processo de autoreconhecimento do indivíduo educando com o seu redor. Diz ainda que há uma necessidade "da estimulação da consciência reflexiva no educando para que este reflita sobre sua própria realidade, conseguindo assim que as relações deste sejam reflexivas, conseqüentes, transcendentes e temporais. Reflexiva à medida que busca contemplar sua realidade, transcendente por na sua reflexão conseguir projetar um futuro de acordo com seus desejos, tornando assim sua relação também conseqüente, e temporal por agir, perceber-se e fazer-se em seu tempo um ser social e histórico".

Pronto, cheguei aonde queria chegar. Tirando toda a complexidade da inigualável teoria freiriana, vamos à prática da sala de aula para dizer que a escola precisa ensinar mais o que é ser um indivíduo social. Se as regras de convívio servem para dirimir os conflitos de interesse, precisamos aprender, desde cedo, a resolver estas questões. O individualismo exacerbado é, no final das contas, o resultado de quando não se ensina ao homem que ele precisa saber ceder em nome do coletivo. 

Daí que digo existir a necessidade da escola ensinar, de maneira prática e organizada, o que é ser cidadão dentro de uma coletividade. Por que as escolas não têm uma disciplina CIDADANIA? Sim, por que não ensinar, como diria minha vó, os "termos de bem viver"? 

Simples como a água cristalina do rio Tapajós, o conceito de cidadania é quase matemático. Significa o conjunto de direitos, deveres e obrigações do indivíduo em relação ao grupo social em que vive. Para a criança é fácil, se o processo começar bem cedo, aprender que é preciso ceder em nome do bem coletivo. E que este bem coletivo também é bom para si mesmo. Mas acima de tudo ensinar práticas o bom mesmo é que, na escola, é possível ensinar idéias, conceitos. Logo, a criança vai entender que não se joga papel de bala usado no chão não porque a professora briga, mas porque é ruim pra todo o grupo. Um pensamento dessa natureza vai causar no ser adulto a postura de que ele não pode jogar sacos de lixo no meio ambiente sem que obedeça o horário certo da coleta. E tais posturas práticas, criadas dentro da sala de aula, não páram por aí.

A criança que aprende a respeitar o interesse coletivo não vai ser o adulto que fecha o cruzamento, que para em fila dupla pra deixar filho na escola, que buzina no congestionamento, que ajuda de várias formas a tornar o ambiente em que vive pior para se viver.

Dessa forma, a disciplina CIDADANIA poderia, sim, criar gerações de novos adultos mais compromissados com a sua coletividade. Vamos refletindo sobre isso, mas enquanto não se faz na prática essa idéia, prestemos atenção aos nossos filhos, que já estão ao nosso ao redor e precisando de orientação rumo a um futuro muito próximo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário