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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Jornalista é confundido com aliciador de menores e passa sufoco nas mãos da PM

Um jornalista do Espírito Santo, que pediu para não ter sua identidade revelada, passou por maus momentos na semana passada, no centro de Manaus, nas mãos de policiais militares. Acompanhado de sua esposa e de dois filhos, um casal de nove anos cada uma das crianças, ele foi vítima de uma denúncia, depois confirmada como sem procedência, de que estaria aliciando menores na região central da cidade. Uma mulher, de que o jornalista não teve condições de apurar sua identidade, teria denunciado à PM a suposta ação de aliciamento.

A família estava passeando na área do Largo de São Sebastião quando foi, literalmente, cercada por cerca de oito policiais militares, alguns armados de metralhadora. Segundo os relatos do jornalista, os PMs já foram cercando a família, dizendo que era a averiguação de uma denúncia. Indagando sobre de que denúncia estava sendo alvo, o jornalista não obteve resposta, mas continuou sendo mantido privado de sua liberdade de ir e vir. A esposa, que é formada em direito e trabalha na vara da Infância de Juventude de Vitória, retrucou sobre o porquê deles estarem sendo abordados daquela maneira. Foi quando os policiais disseram que uma mulher tinha denunciado os dois por suposto aliciamento de menores naquela área.

O casal está junto há dois anos e, portanto, as crianças não se parecem com o esposo. Daí, a suposição é de que a não aparência física tenha levado à denúncia. Porém, o que mais revoltou o casal foi a abordagem truculenta dos policiais, mantendo a família inteira sob pressão das armas e da arrogância da aspirante a oficial que estava no comando da equipe. Tirando o constrangimento dos adultos e também das crianças, fica a pergunta no ar. O que uma denúncia mau apurada, além de mal formulada, pode causar? No mínimo a revolta e o desejo de nunca mais voltar à cidade. “O nosso desejo era de pegar o primeiro avião e ir embora daqui. No dia seguinte, não tínhamos nem mais vontade de conhecer nada mais dessa cidade. Eu nunca mais quero voltar aqui...”, disse a esposa. Quanto ao jornalista, que trabalha há vários anos como editor de uma televisão local de Vitória, disse que apenas queria informar à Corregedoria da PM o fato ocorrido. 

Para nós, amazonenses, que costumamos viajar para outras cidades, fica a reflexão. Ponho-me no lugar do colega, de quem tive a oportunidade de ouvir pessoalmente o relato desses momentos traumatizantes. Não acho que teria a mesma serenidade de passar por tudo aquilo sem perder a calma e até incorrer no famoso “desacato à autoridade”. 

“O pior é que depois que tudo foi esclarecido, a mulher que fez a denúncia simplesmente desapareceu. E a aspirante não teve sequer a iniciativa de pedir desculpas a nós...”, relata o colega jornalista, para o qual torço que esta atitude infeliz dos nossos conterrâneos não os impeça de voltar.

Conversando com um outro amigo, dessa vez um oficial graduado da PM, tive um resumo claro do que possa ter acontecido por parte da policial que comandava a ação. “Foi pura inexperiência da aspirante. Não se aborda ninguém sem antes apurar direitinho a denúncia...”, resume o oficial.

Infelizmente, a família de visitantes já partiu de volta à sua terra capixaba. Não teremos como levar adiante uma ação mais concreta para que os abusados fossem punidos de alguma forma. Mas fica o registro do blog. E se fosse com você?

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