A nossa Amazônia!

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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

terça-feira, 12 de março de 2013

O menino do rio Madeira

Quando tem madeira flutuando na beira, o silêncio do rio é quebrado pelo constante abalroamento das toras flutuantes entre si e com a margem. O velho banheiro flutuante, um comodo coberto com folhas de zinco, contendo apenas um buraco no meio dele, onde o caboco "obra" de cócoras, era o ponto de apoio da brincadeira. Jaconia (sim, é o nome dele mesmo) brincava com uma pedaço de linha comprida, com um anzol desdentado na ponta, isca de pão molhado com saliva feito uma bola, e a brincadeira seguia. Aos 9 anos de idade, Jaconia jogava a linha pacientemente. De longe, em cima de um barranco, fiquei por alguns minutos observando a cena. Mais comtemplando do que observando. De súbito, fiquei pensando como que aquele menino, plena era do Ipad, Face, e outras guloseimas tecnológicas da alma, conseguia se divertir. Desci, me aproximei, perguntei, depois de me sentir mais próximo e com ele mais solto diante da visita.

- Jaconia, entre assistir televisão e pescar, o que você prefere?
(segundos de suposta reflexão)
- Pescar!
(simples e exato como se fosse um papagaio cortando o outro no talo)

Me despedi e fui embora. Nunca mais vi aquele menino, porque nunca mais voltei àquele lugar. Margem do rio Madeira, entre Humaitá e Manicoré. Ganhei o dia, naquele dia.

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