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Foto: Arnoldo Santos/ Lago do Curuçá/ Rio Solimões/ Município do Careiro

terça-feira, 25 de junho de 2013

Bumbódromo novo define festival de adaptações e aprendizado

As mudanças estruturais no bumbódromo de Parintins não são visíveis apenas para o público leigo. Técnicos responsáveis pelas apresentações de Caprichoso e Garantido tiveram de replanejar seus desenhos, o que está gerando expectativa e preocupação.
Tanto na montagem das alegorias quanto na geração e captação de som, o ânimo nas duas agremiações oscila entre a empolgação pela suntuosidade da estrutura nova e a incerteza de que tudo vai sair tecnicamente perfeito.
“Esse ano vamos ter que nos adaptar. Eu acho que é uma coisa natural”, avalia Juarez Lima, um dos principais artistas do boi Caprichoso, que estava na arena verificando detalhes da sua apresentação. Ele se referia à mudança de limites das medidas das alegorias que cada boi terá de montar da arena. Ainda no mês de março, as duas agremiações acordaram em diminuir as dimensões das alegorias por conta da superestrutura metálica que foi montada. Cada alegoria diminuiu em dez metros o tamanho de sua frente. O limite caiu de 40 metros para 30 metros. Altura e dimensão de fundo das alegorias também diminuíram.
O coordenador da comissão de artes do Garantido, Fred Góes, também demonstrou sua preocupação. “Nós só vamos poder falar quando a gente ouvir o som com a banda aqui (no bumbódromo). Pelo menos, pelo investimento, a pretensão é que saia o melhor som  possível”, declarou, lembrando que a avaliação final será dada somente depois dos ensaios técnicos e a passagem de som, dentro da arena.
A preocupação dos artistas dos bumbás não é para menos. A estrutura metálica montada se resume em 450 toneladas de ferro e aço, num arco de 130 metros de envergadura e um formato de chifre – olhando de cima, claro. O homem que projetou o colosso metálico é considerado o “maior iluminador do Brasil”, apesar de ter nascido na Alemanha.
Fugido dos horrores da segunda guerra, Peter Gasper, 73, chegou ao Brasil ainda menino, com onze anos de idade. A família Gasper  foi morar no Rio Grande do Sul, mas Peter foi para o Rio de Janeiro estudar arquitetura onde se especializou em cenografia. Voltou à Alemanha para estudar iluminação cênica e, no decorrer da carreira, ganhou fama ao realizar os projetos de iluminação de eventos como o show de Frank Sinatra no Maracanã, a missa do papa João Paulo II no Aterro do Flamengo, o Rock’n’Rio I e de locais conhecidos como o sambódromo do Rio de Janeiro e as estruturas de Oscar Niemeyer em Brasília.
No meio da arena do bumbódromo de Parintins, com simpatia admirável, Peter Gasper declara: “já sou freguês daqui do Amazonas e de Parintins”. Sobre a estrutura metálica, Gasper diz que os bois vão ter de aprender a usar cada vez mais. “É um upgrade que os bois ganharam. Os bois sempre tiveram o talento de fazer um bom espetáculo de luz, mas não tinham a estrutura certa”, avalia o cenógrafo.
Em termos de quantidade, Peter diz que os números podem ser irrelevantes. “Nós podemos usar mil lâmpadas, ou cinco mil refletores, mas isso seria apenas para encher texto. O que importa aqui é a qualidade”, completa. No meio da equipe, falando em inglês com vários técnicos da sua equipe, Gasper diz que a estrutura montada no bumbódromo não tem igual no Mundo. O acesso dos técnicos e equipamentos, o espaço disponível e a facilidade de passagem do pessoal são características que fariam os maiores especialistas de iluminação do Mundo ficar admirado, garante Gasper.